A difícil tarefa de contratar a pessoa certa
Em momentos de crise como o atual, o tema emprego/empregabilidade ganha novas proporções.
Muitos que o perderam, ainda em 2020, permanecem na busca de uma recolocação. Enquanto as empresas, contratam apenas o estritamente necessário. (mesmo assim, o saldo vem sendo positivo nos últimos meses, uma recuperação … mesmo que lenta)
É um tema delicado para se abordar, pois muita coisa acaba se misturando, muitos sentimentos estão envolvidos, ao falarmos de trabalho. Tentarei ser o mais sensato possível. 🙂
Oferta vs Demanda
Graças ao elevado número de desempregados, a regra mais simples da economia acaba entrando em ação. A oferta é grande (de mão de obra), mas a demanda não … E com isso, um dos principais motivos para a dificuldade de uma contratação surge.
É meio estranho se pensar que justamente o excesso de mão de obra disponível possa atrapalhar a ocupação de uma vaga disponível. Concorda ? Afinal de contas, com a vasta oferta de interessados, fica mais fácil de se encontrar alguém com o perfil desejado para a função.
Acredite … muitas vezes é justamente o contrário. 🙄
Motivo ? Com o elevado número de pessoas procurando por uma mesma vaga (e aqui não me refiro a funções que “qualquer pessoa” possa cumprir, mas sim àquelas que precisam de um conhecimento ou experiência específicos), a exigência das empresas acabam aumentando.
Com tantas pessoas dispostas ao trabalho, é possível de se “minerar” mais. Buscar alguém perfeito para a função. Alguém que atenda às expectativas. Ou melhor … alguém que supere às expectativas !
E aqui surge um problema … Muitas vezes, as empresas querem muito mais do que precisam. Exigem conhecimento de uma segunda, terceira língua, conhecimentos avançados em TI, pós, mestrado, etc etc etc, para alguém que vai apenas atender o telefone. (só um exemplo ! hehehe)
Querem muito mais do que precisam … Afinal, com tantas pessoas buscando a função, certamente encontrarão alguém com todas essas características. Não é mesmo ?
Não … O pior é que não. Muitas vezes vão tão longe nas “necessidades”, que acabam não encontrando alguém que preencha a todos os pré-requisitos … E a vaga, permanece aberta.
Outro problema que vem junto com o excesso de oferta, é a questão salarial. Como tem muita gente disponível, certamente surgirão os interessados dispostos a fazer a função por um preço menor. E com isso, funções que teriam um salário base de R$10k, recebem propostas de R$5k … R$6k …
Curiosamente não surgem interessados que atendam as necessidades/desejos da empresa, dispostos a trabalhar pelo valor oferecido. Interessante, não é mesmo ?
A culpa parece ser mesmo das empresas
Sim, na maioria das vezes são as empresas que parecem querer “mais por menos”.
De novo: algo perfeitamente natural, ainda mais diante de um cenário em que exista excesso de mão de obra disponível. O problema, é que nem sempre existe essa oferta extra, e mesmo assim algumas empresas insistem em atuar desta forma.
Claro … Alguns casos são diferentes. Em algumas situações não existem pessoas com o perfil desejado. Mesmo com o salário em linha com a função. Mesmo com a oferta de treinamento para exercer aquela atividade. Mas não me parece que esse seja o principal motivo, e longe de ser o “padrão do problema”.
Muitas empresas nem cogitam contratar quem “quase se enquadre” nas necessidades. Faltando um treinamento, que poderia ser feito no início da vida profissional da pessoa dentro da própria empresa. A maioria já quer a pessoa treinada e pronta para começar.
E o pior … O período de treinamento, muitas vezes, é mais curto do que o período que a empresa fica com a vaga em aberto, por não encontrar a pessoa “ideal”.
A culpa é mesmo das empresas ?
Parece ser … Não é mesmo ?
Mas, sinceramente ? Acredito ser um pouco de “culpa” de cada lado. Sem contar a parcela do “sistema” propriamente dito …
Por exemplo, o livro apresenta uma lista de quase 40 países, com o % de indivíduos entre 25 e 34 anos, com pelo menos formação superior. Adivinhe qual é a nossa posição …
Sim, último da lista. 🙁
Além disso, temos o fator “custo trabalhista” a ser incluído na equação …
É, como disse, acho que é um pouco de cada coisa. Um pouco de culpa de cada lado. Mas, aparentemente, sendo a pessoa que busca a função, a que menos tem.
Se esse é um tema que te interessa, indico a leitura do livro que levou a essa reflexão:
Nota do Site: | A difícil tarefa de contratar a pessoa certa Peter Cappelli Ano: 2013 |