Clube do Pai Rico

Deu presente neste dia das crianças ? E educação ?

No último sábado tivemos o tradicional dia das crianças, considerado por muitos como o terceiro dia mais aguardado pelo comércio – só perdendo para Natal e dia das mães -, e você muito provavelmente (torço por isso !) conseguiu dar algum presente a seu filho(a).

Mas será que este presente conseguiu passar alguma informação, de caráter educacional – financeiramente falando – para ele ? Sou da opinião que o presente do dia das crianças deve mais ser uma lembrança do que um presente mais refinado ($$$), algo para comemorar o dia sem destruir o orçamento da família. Você concorda ?

Infelizmente não é isso que vejo, ao menos nas matérias relacionadas com o dia … 🙁

Vejo pais comprando presentes do mesmo nível (leia-se preço) que dão no Natal, no aniversário … Conseguiu reparar nisso também ?

Acredite, muitos dos principais conceitos de Educação Financeira que você pode apresentar para as crianças são simples e com pequenos exemplos. Este é um deles: dar o presente certo na hora certa, sem deixar que a criança mande na sua decisão.

Outro exemplo bem simples e direto ? A mesada. Muito mais do que simples ferramenta financeira, para que a criança possa comprar as “coisinhas” que deseja e precisa – normalmente nesta ordem, hehehe -, a mesada tem função fundamental na vida de um adulto financeiramente responsável.

A instituição da mesada, desde cedo, é mais do que importante para a fixação de diversos “pequenos” conceitos financeiros, que mais na frente serão importantes. O valor dela deve ser proporcional à idade da criança, aos tipos de gastos que ela precisará arcar com este valor. Por exemplo, deve ser suficiente para que ela possa ir a um cinema, comprar um lanche, uma(s) revista em quadrinhos … e conforme a criança for crescendo, e suas responsabilidades e necessidades também, o valor vai sendo aumentado.

Sim, sei que muitos pais não têm como arcar com mais este valor, com mais esta responsabilidade, pois já vêm suas contas deterioradas pelos gastos mensais da casa. Mas será que muitos destes pais que enfrentam este problema não passaram a infância sem ter acesso à mesada, e por isso deixaram de aprender muitos dos conceitos importantes que a administração deste dinheiro quando mais jovem nos trazem ?

Dê uma olhada ao seu redor e tente identificar amigos, conhecidos, familiares, que não tenham mesada. Mas não por não falta de condição de seus pais, neste caso quero justamente o contrário … Dê uma olhada e veja exemplos de pessoas que quando mais novas recebiam dos pais “todo o dinheiro que queriam”, crianças e jovens que tinham dinheiro – dos pais, não da mesada – a todo momento, para tudo, para todos os tipos de gastos. Conseguiu identificá-los ? Como são hoje ? Financeiramente saudáveis ? Financeiramente responsáveis ?

A ausência de uma mesada, não por necessidade mas por comodidade, traz consequências graves para a criança quando adulta. Por quê ? Pense … a vida inteira ela foi habituada a pedir dinheiro quando precisava, não importando para qual finalidade: queria dinheiro, pedia e conseguia. Ela obteve algum aprendizado neste evento ? “Aprendeu” … aprendeu a pedir dinheiro para cobrir suas necessidades.

E quando mais velhos … a quem vão pedir ? Bancos … Cartões de Crédito … Financeiras … ou para o azar de alguns – e sorte de poucos – continuarão pedindo aos pais. A fase em que deveriam aprender a viver com um orçamento, limitado – por maior que fosse – passou, e agora que o universo de possibilidades (e de gastos) aumentou, os problemas surgem aos montes. 🙁

Se você já tem seus filhos, e ainda não instituiu esta poderosa ferramenta, está mais do que na hora de começar a dar uma mesada a eles. Por menor que seja …

Acredite, com pequenos exemplos ensinamos muito a eles. 😀

Extra: ponha suas crianças para responder a este Quiz, e veja como está o conhecimento dela sobre finanças.

“Por que tanto blá blá blá se a taxa subiu só 0,5% !?”

Vejo algumas pessoas fazendo comentários parecidos com o que dão título a este post e confesso não saber se elas estão falando uma coisa ou outra. Bom, vou explicar um pouco melhor o meu ponto de vista. 🙂

As pessoas falam sobre o aumento na taxa de juros básica – se você ainda não sabia o COPOM decidiu ontem que a taxa agora é de 9,5% ao ano -, reclamam que isso traz problemas para a economia real, que somente os bancos é que tiram proveito dessa mudança e etc etc etc …

A grande maioria não entende como as outras podem reclamar tanto, afinal de contas a taxa aumentou apenas 0,5% … correto ? Não pequeno gafanhoto … se você também acha que a taxa aumentou apenas 0,5% precisa rever alguns de seus conceitos.

Se você tivesse dito “subiu meio ponto percentual – ou 0,5 pp“, eu diria que você está certo. Sim, existe uma diferença enorme entre dizer que subiu meio ponto percentual e que subiu meio porcento. Ainda não entendeu ? Vamos lá, com calma. 🙂

A taxa até então era de 9% ao ano, correto ? Se ela agora foi para 9,5%, qual foi o aumento que ocorreu ? 5,56% ! Sim, quem antes aplicava em algo que gerasse 100% do CDI viu um aumento de seus ganhos da ordem de 5,5%, e não de 0,5% como muitos podem pensar …

Mas que tal ir um pouco além ?

Quem aplicava em algo que desse 100% do CDI, porém com desconto do IR – de 15%, viu seus ganhos aumentarem em 6,5% !

E se for uma aplicação que apresente 1% de taxa de administração ? Seus ganhos saltaram 7,5% !

Viu como 0,5 pp pode significar muitas coisas diferentes, dependendo do ponto de vista ? 😉

Mas a comparação mais cruel seria para quem leva em consideração o “custo” da inflação em seus investimentos … Assumindo que o governo consiga ficar abaixo da meta (que não é a meta, mas sim o teto da meta …) e em 2013 fechemos o ano com 6% de inflação … Este aumento de 0,5 pp na taxa básica de juros significa que a pessoa teve um aumento de 75% em seus ganhos !

Impressionante a diferença … não ? 😀

Então, dependendo do seu ponto de vista, uma “pequena” mudança de 0,5 pp pode significar um aumento bem grande do valor. 😉

(agora pense na ponta que toma o dinheiro com o custo de 9% ao ano, se aumenta para 9,5% … qual foi o aumento do custo do dinheiro para eles ?)

Proponho um exercício ! #8

Mais um exercício de reflexão (e por que não de implementação de teorias ?) envolvendo a vida de nosso querido Zé. Problemas reais, apresentados na teoria, para botarmos a cuca pra funcionar. Envolvendo conceitos e teorias já discutidas aqui no site, que poderiam ficar somente no campo teórico para muita gente.

#8 – O Zé e sua esposa nunca pensaram no amanhã. Decidiram, no momento em que se conheceram e viram que iam passar o resto de suas vidas juntos, aproveitar ao máximo todas as oportunidades que o universo viesse a lhes proporcionar. Viagens, compras, passeios, gastos e mais gastos. Viviam somente com o bom e do melhor. Mas … graças a essa filosofia de vida, nada sobrava, nada era reservado.

Como disse, nunca pensavam em guardar nada. Nunca pensaram na possibilidade de que a fonte, tão generosa até então, pudesse secar. Até que as coisas começaram a apertar …

No início quem sentiu o primeiro impacto foi o Zé, por ser quem realizava o pagamento das despesas (os ganhos dos dois eram usados em conjunto, mas o pagamento, propriamente dito, era feito por ele). Conversou com um amigo – mais íntimo – e viu que se a coisa continuasse naquele ritmo poderia se tornar um problema.

Leu alguns artigos na web, e viu que estava errado … por melhor que tudo aquilo fosse. Foi atrás de mais material para tentar corrigir a rota, que aparentemente era de colisão. Aos poucos, no decorrer de algumas semanas, foi vendo que suas atitudes – e hábitos – não eram nada (financeiramente) saudáveis, e que precisava mudar.

Mas agora é que a porca torce o rabo: como falar para sua esposa – que ainda mantinha a rotina de gastos no mesmo ritmo – que as coisas precisavam mudar ? Como fazer ela enxergar, mas principalmente como fazer ela se integrar no processo de mudança ?

Qual seria a sugestão de vocês ? Qual seria a sua atitude nesta situação ? Aos comentários ! 😉

Pergunte ao Pai Rico ||| 319

Pergunta:

Minha dúvida consiste no seguinte: vale a pena trocar uma dívida por outra? Ou, assumir uma dívida para quitar o pagamento de outra?

Para ilustrar: há algumas semanas percebi que me descontrolei financeiramente justamente quando o banco me ligou, oferefendo empréstimo para quitação de dívida com cartão de crédito. Nesta hora caí na real! Resolvi olhar com cuidado meus gastos, receitas, a quantas andava o colchão e vi que praticamente todo meu orçamento estava indo para o cartão de crédito (num gráfico que fiz, em determinado mês o cartão chegou a ser 1,5x o valor das minhas receitas). Sendo que nunca conseguia pagar o total, pois era quase 100% do meu salário e ainda tinha outros gastos. Pedi um prazo ao banco para analisar a proposta, peguei todos os gastos de julho de 2012 para cá, ou seja, 1 ano, e com o empréstimo (MAIS MUDANÇAS DE COMPORTAMENTO NO USO DO CARTÃO) vi que seria possível quitar a dívida, pagar minhas despesas fixas e ter uma sobra, e ainda com juros bem menores do que o rotativo do cartão. Assumi a nova dívida e fiz um planejamento para os próximos 6 meses, onde ainda poderia refazer meu colchão de segurança (gastei-o praticamente todo neste período), estabeleci um limite para os gastos, com o empréstimo pude adiantar o pagamento das mensalidaes da minha pós e consegui desconto, estou buscando formas de aumentar minha receita, e por fim, mudando também o comportamento, irei ter dinheiro para pagar as contas de início de ano à vista com desconto (IPVA, seguro etc). É uma estratégia certa? Quero economizar o máximo para também poder amortizar esta dívida e diminuir o tempo de pagamento dela.

Desde já agradeço,
Fernanda

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Comentários – Proponho um exercício ! #7

Você certamente viu a nova proposta de exercício, uma situação muito comum por sinal, e a dúvida do nosso amigo Zé sobre a continuidade, ou não, do seu investimento em bolsa.

Como foi dito, ele iniciou seus investimentos em janeiro de 2008, e agora em 2013 se vê em dúvida sobre a validade da investida. Conseguiu obter uma média anual de 5%, em um cenário não tão agradável para este tipo de investimento.

Ah, não levou isso em consideração na hora de formular a sua proposta de resposta ? 😉

Quando o Zé entrou no mercado, o principal índice da bolsa brasileira, o índice bovespa, apresentava 63.884 pontos. E hoje, onde está ? 55.702. Isso significa que nestes 5 anos um investimento “em bolsa” – assumindo que a pessoa tenha adotado uma estratégia simples, de investir “diretamente no índice”, teria obtido um rendimento de -12,81%. Isso, teria perdido quase 13% do capital inicialmente investido.

E o nosso amigo Zé, como se saiu ? Com uma média anual de 5% ele obteve um rendimento de 27,63%. Ele obteve 46,38% a mais que o índice. Não é nada não é nada, é muita coisa ! 😀

Teria ganho mais se tivesse aplicado na renda fixa ? (que foi um dos motivos para a existência da dúvida do Zé) Possivelmente … Mas quando comparado com o mercado, propriamente dito, ele se saiu bem.

Muitos colocaram a culpa na escolha da escola, por ter dado preferência ao uso dos gráficos em suas operações. A eterna briga entre fundamentalistas e grafistas … Mas aparentemente não é por ter escolhido ela no lugar da outra.

Outro ponto, atentaram-se ao fato de ele estar começando ? Sim, 5 anos é um período muito bom para se aprender, porém é só o começo. Com o tempo e o refinamento de suas estratégias ele tem tudo para aumentar o rendimento médio. 🙂

Comparar com outros veículos de investimento, no caso bolsa com renda fixa, é importante. Porém, mais importante que isso é compararmos dentro do próprio universo. 😉

Poderia ser melhor, provavelmente. Foi mal ? Longe disso !

Que o Zé mantenha um estado de aprendizado constante e de aumento de conhecimento exponencial.  😀