Clube do Pai Rico

O mito dos investimentos sem Imposto de Renda

O que a Poupança, a LCI, a LCA, e algumas debêntures têm em comum ?

Todos são exemplos de investimentos isentos de Imposto de Renda.
(E sim, a poupança é investimento !! Aceite isso de uma vez por todas)

Justamente por este diferencial, muita gente acaba focando sua atenção somente neles. Sempre que o papo se dirige ao bom e velho assunto “qual destes investimentos apresenta melhores rendimentos”, estas pessoas sempre usam o argumento “Vai de xyz, ele é isento de IR !

Mas … será que só por conta disso eles são os melhores ?

Não ! Definitivamente não !

Eles são investimentos como todos os outros. Cada um com suas vantagens, suas qualidades, seus defeitos. Cada um apresentando um rendimento “diferente” do outro. Uns para mais, uns para menos …

– “Ah, mas se eu colocar dinheiro nessa LCI eu não pago IR ! Isso faz muita diferença !

Faz ? Mesmo se ele for uma LCI que te pague 80% do CDI para o período do investimento e que você precise ficar 2 anos com o dinheiro lá parado ? Mesmo ao compararmos com um Tesouro SELIC, ou um CDB com 100% do CDI com liquidez diária ? Será mesmo que essa LCI é melhor ?

Você precisa entender de uma vez por todas que: não é por ser isento de IR que um investimento é mais rentável do que o outro !!

Você precisa comparar os investimentos em condições de igualdade. Se uma LCI, uma LCA é isenta de IR e te oferece 80% do CDI para um período de 2 anos, enquanto o Tesouro SELIC e o CDB te oferecem 100% do CDI para o mesmo período, você precisa tirar o IR deles para comparar com os primeiros … Para 2 anos o IR será de 15% sobre o lucro, o que significa que seu lucro final será de 85% do CDI para o mesmo período.

Portanto … 😯

Isso ! Mesmo sendo isento de Imposto de Renda, o valor investido em LCI e LCA recebem rendimentos menores do que os obtidos no Tesouro SELIC e em um CDB com 100% do CDI. (para esse exemplo, ok ?)

Não é por serem investimentos isentos de Imposto de Renda que são melhores do que os outros. A isenção é apenas uma característica desses investimentos. Como disse antes, você precisa comparar os investimentos em pé de igualdade …

Claro … Você conseguirá encontrar LCIs e LCAs que remunerem melhor seu capital quando comparados a outros investimentos … Mas isso será por conta da característica daquelas ofertas. Seria a mesma coisa que compararmos um CDB que oferece rendimento de 90% do CDI e outro que ofereça 100% do CDI. Qual dos dois paga melhor ?

É exatamente a mesma coisa ! A comparação precisa ser igualitária. Se você vai comparar uma oferta de investimento que é isenta de IR, faça uma simulação com outro tipo de investimento que lhe agrade, com o rendimento líquido, com o IR já de fora.

Não vou dar meu dinheiro para o governo !!

Eu sei que algumas pessoas escolhem os investimentos isentos de IR por causa desse pensamento … Escolhem eles para não entregar seu dinheiro para o leão.

Sério que você prefere perder dinheiro, obtendo um rendimento menor, só para poder dizer que não precisou pagar o imposto para o governo ? 🙄

Esqueça essa besteira de que investimento isento de Imposto de Renda é melhor do que os outros só por causa disso ! Isso é apenas um fator extra, apenas mais um item a ser adicionado às suas contas, às suas comparações.

Compare laranjas com laranjas e bananas com bananas. Comparar maçãs com melancias não funciona … 😉

Qual o valor mínimo para começar a investir no Tesouro Direto ?

Pergunta:

Olá, boa tarde!

Eu me chamo Paulo Vitor e acompanho os posts no site “clube do pai rico” e tenho me interessado bastante em investir no tesouro… Mas ainda não entendi como funciona esse investimento. Poderia me explicar, por favor? Como faço para iniciar esse investimento? Qual o valor mínimo a ser investido?

Desde já agradeço pela atenção. Grande abraço.

Resposta:

Bom dia Paulo,

O Tesouro Direto é, sem sombra de dúvidas, um dos melhores destinos para o seu dinheiro quando pensamos em uma aplicação segura do tipo renda fixa. Segura e que ofereça um rendimento aceitável. 😉

Muitos se interessam por esse tipo de investimento ao saber que ele é acessível a todos e que tem um valor relativamente baixo para se começar. Ouvimos por todos os cantos alardearem que para começar no Tesouro Direto é preciso apenas R$30, e você provavelmente tenha ouvido isso.

Essa seria uma “meia verdade”, pois com o valor de R$30 é possível sim de iniciarmos um investimento em TD. O problema é que esse valor é para um título específico …

Com R$30 você pode investir no Tesouro Prefixado, e apenas nele. Se você quiser comprar um atrelado ao IPCA, o Tesouro IPCA, precisará de algo mais próximo de R$35. Se for no Tesouro SELIC, que é o mais tradicional de todos, precisará de aproximadamente R$90 …

Ok … Para o IPCA é praticamente a mesma coisa. Mas para o SELIC, o valor mínimo é 3x superior ao alardeado !

O grande problema nessa história é que tanto o Tesouro IPCA, quanto o Tesouro Prefixado, têm um comportamento de “renda variável” dependendo das condições do mercado. É, diferentemente do Tesouro SELIC, que lhe entregará o valor que a taxa de juros básica estiver pagando naquele momento, os outros dois títulos podem lhe entregar um retorno negativo de acordo com a situação.

Para estes dois títulos, os mais baratos, você precisa ter em mente que o ideal é deixar o dinheiro parado neles até a data de vencimento. Somente desta forma poderá garantir o rendimento prometido no momento da aplicação inicial. Antes disso, dependerá das condições de mercado …

Somente o mais caro é que lhe garante a manutenção do valor original e a entrega de um rendimento garantido.

Então, o valor mínimo varia entre R$30 e R$90.

Sobre onde conseguir informação sobre o investimento, indico a leitura do post “Novidades no Tesouro Direto prometem facilitar ainda mais o seu uso” onde existem 3 apostilas desenvolvidas pelo Tesouro, sobre o investimento. Separadas em básico, intermediário e avançado, as apostilas atendem a todos os interessados. 😉

Para quem vai começar, de verdade, acredito que o ideal seja o Tesouro SELIC, justamente por ser o mais próximo que temos de um investimento como o da poupança. Aquela senhora tão injustiçada …

Espero ter lhe ajudado ! 🙂

Abraços !

Fluxo constante de capital com proteção do valor original. Onde investir ?

Pergunta:

Bom dia.

Estou vendendo um imóvel e vai sobrar para investimento aproximadamente R$200.000,00, estou com interesse em colocar todo esse valor em CDB ou LCI/LCA, vou deixar esse valor investido por algo em torno de 3 anos e gostaria de fazer saques mensais do rendimento, a partir de 3 meses após o investimento.

Qual o valor aproximado eu conseguiria ter de rendimento para saques mensais, sem sofrer uma queda no valor que eu investi?

Abraços e obrigado desde já.

Resposta:

Bom dia André,

Pergunta difícil de ser respondida com uma única resposta “correta” … 🙁

Motivo: os investimento apresentam os mais variados níveis de rendimento e cada caso é um caso.

Por exemplo, existem CDBs que te oferecem liquidez diária, ou seja, você poderá efetuar o resgate de parte da aplicação (o rendimento, por exemplo) a qualquer momento. Outros permitem que você o faça apenas na data de vencimento da aplicação. Com LCI/LCA a coisa é ainda mais complicada … A grande maioria deles é do tipo que só permite o resgate no vencimento.

A principal diferença entre os investimentos que te permitem resgate a qualquer momento, dos que só permitem no vencimento, é em termos da rentabilidade oferecida. Sendo os que te “prendem” os que apresentam os melhores rendimentos.

Além disso, outro ponto importante a ser levado em consideração: você usará o rendimento integral ? Ou limitará o resgate à parte “real” do rendimento ? Ou seja, deixará intacto o valor correspondente à correção da inflação ? Se você retirar todo o rendimento, correrá o risco de ter um valor em mãos, no futuro, bem diferente do que você tem hoje …

Em casos semelhantes ao teu, a maioria das pessoas dá preferência pelo uso do Tesouro Direto. Mais especificamente ao Tesouro IPCA. Ainda mais especificamente, ao Tesouro IPCA com juros semestrais. Ainda mais específico ? Usam Tesouro IPCA com juros semestrais, com metade do valor num título que vença num ano par e a outra metade num ano ímpar. 🙂

Desta forma garantem um fluxo trimestral de dinheiro, referente à rentabilidade do título. 😉

Hoje o Tesouro IPCA paga, em média, IPCA + 5,3% (ao ano). Isso dá, aproximadamente, 0,4% ao mês de rendimento real. Ou seja … para um valor inicial de R$200 mil, você teria uma “renda mensal” de R$800,00.

Mas no final teria os R$200 mil integrais, corrigidos pela inflação. Desta forma garantiria que o poder de compra seria mantido. 🙂

O “problema” … Hoje temos disponíveis apenas títulos (com esta característica) com vencimentos em: 2026, 2035 e 2050. Um “pouco além” do teu horizonte inicial de 3 anos.

E você está lembrado de como estes títulos se comportam antes do vencimento. Não é mesmo ?

Como dito, esta é a forma que vejo muitas pessoas agindo em situação semelhante à sua. Têm em mãos um investimento que lhes garante um rendimento real, protegendo o capital contra a desvalorização da inflação, criando um fluxo contínuo de capital. Se é o mais indicado para você por conta das limitações apresentadas ? Somente você que poderá responder … 😉

Espero ter lhe ajudado ! 🙂

Abraços !

O mito do retorno garantido em Renda Variável

Existe uma lenda no mercado financeiro de que é possível oferecer um investimento ao público em geral com a promessa de que ele apresentará um determinado rendimento, garantido, ad eternum. Lenda ? Mito ? Possibilidade ?

Não ! Não existe como garantirmos absolutamente nada em relação aos rendimentos obtidos em renda variável. O próprio nome diz isso: “variável” …

Analisando com cuidado, nem mesmo os investimentos em renda fixa oferecem algo 100% garantido. Sempre existe o risco de “calote”, por maior que seja a instituição onde o dinheiro está aplicado. Chances mínimas … mas reais.

Além disso, as taxas de juro variam com o tempo. Ontem você recebia 14% ao ano … Hoje 10% …

Se é assim na fixa, imagine na variável … 🙄

Muita gente acaba entrando no mercado de ações (principalmente nele) com a ideia de que poderá ter uma renda certa todos os meses. Um determinado valor, um determinado percentual. Olham o histórico. Fazem projeções. Fazem extrapolações. Imaginam o “pior dos cenários” …

Mas é renda variável. E nela, tudo varia … 🙂

Não existe a mínima possibilidade de sabermos, com absoluta certeza, quanto obteremos de lucro em uma determinada operação, em um determinado mês, em um determinado ano. Os resultados … variam ! Na média, se aproximam de um determinado valor por operação, por mês, por ano. Mas um valor exato e constante, impossível …

Garantido então …

A palavra “garantido” não combina com o mercado financeiro.

No máximo você poderá dizer que é garantido que o resultado variará. Nada além disso … 😉

Por melhor que seja o seu método. Por melhor que seja o seu histórico. Por melhor que seja o teu processo de gerenciamento de risco. Por melhor que seja a sua disciplina. O resultado variará e ponto final.

Você pode sim afirmar que obtém um determinado valor médio mensal. Basta somar os resultados dos últimos meses, últimos anos, fazer uma média e pronto, lá está o seu valor médio. Agora, afirmar que aquele “5%” será o valor obtido TODOS OS MESES, isso simplesmente não existe.

Você pode sim ter um resultado médio de 5% ao mês. Basta que ganhe 4% em um mês, 6% no outro, 3% no seguinte, 7% mais a frente, 5% no final do ano … Opa, agora sim veio o 5%. Mas percebeu que na média deu 5% ?

Mas afirmar que você obterá 5% todos os meses ? Impossível …

Até mesmo afirmar que você obterá ganhos TODOS os meses é impossível. Eu já fiquei alguns meses sem realizar uma única operação, aguardando uma oportunidade que me parecesse justificar o risco envolvido, apresentando um retorno condizente com ele. Mas, na média geral, continuo tendo um retorno médio acima da média.

Você precisa entender que nada no mercado será capaz de lhe oferecer um retorno 100% garantido. N-A-D-A !!

Ou melhor … existe uma coisa sim: Existe algum investimento que tenha um retorno 100% garantido, de verdade ?

Por que está falando disso Zé ?

Sim, estou falando por conta do curso Double PUT Double CALL. 🙂

Por mais que ele venha me gerando um retorno acima da média nos últimos anos. Por mais que os rendimentos mensais variem entre 2% e 7% (depende do “combustível” que você for utilizar no método), por mais que ele seja eficiente e seguro, existem momentos em que o investidor que o estiver utilizando não fará absolutamente nada ! Ficará apenas olhando a tela de cotações (se assim o quiser …), esperando por aquela oportunidade de ouro. Aquela que oferece o risco desejado para o retorno condizente.

Mas, na média, ele te proporcionará um retorno acima da média. Na média.

Se você está em busca de um retorno garantido, no mercado financeiro, lamento te informar … isso simplesmente não existe !

Mas isso quem fez o curso, quem acompanha o Clube já sabe. Não é mesmo ? 😉

Como “fugir da Poupança”

Naturalmente, estamos falando aqui do produto financeiro “Caderneta de Poupança”, o (inexplicavelmente) mais popular investimento do Brasil, e não da “poupança” que vem do ato de poupar (“guardar dinheiro”, que é um pré-requisito para se investir).

Vamos começar falando sobre essa “popularidade” da Caderneta de Poupança. Não há um motivo logicamente aceitável para justificar essa preferência do brasileiro pela Caderneta de Poupança. É um investimento rentável? Definitivamente não… É um investimento líquido? Sim, muito líquido, mas existem outros similares e mais rentáveis. É um investimento seguro? Sim, ela tem o mesmo grau de segurança dos demais depósitos bancários, mas é MENOS segura que, por exemplo, os títulos públicos (negociados no Tesouro Direto). É um investimento “fácil de entender”? Bem… desafio qualquer um a explicar, de forma objetiva, num linguajar acessível para leigos, sem gaguejar e sem “enrolações”, o que é e para que serve a infame “T.R.”…

A única explicação plausível para essa preferência é a cultural. Nós fomos “acostumados” com a Caderneta de Poupança e acreditamos que é um “porto seguro” (o que não deixa de ser verdade, mas nem de longe é o “mais seguro dos portos”).

E a única forma de fugir de uma arapuca criada por nossos hábitos, condicionamentos e crenças, é trabalhando nesses mesmos hábitos, condicionamentos e crenças para deixarmos de ser escravos deles.

Uma forma de (tentar) criar um hábito é ir fazendo aquilo que se está tentando condicionar “aos poucos” e gradativamente. Isso é válido, também, nos investimentos.

Do ponto de vista lógico, o “caminho natural” para um investidor que quer fugir da Poupança seria o Tesouro Direto, então vamos usá-lo como exemplo para ilustrar algo:

Eu conheço muitas pessoas que têm “medo” do Tesouro Direto, mas a maioria dessas pessoas tem menos medo do investimento “em si” e mais medo do processo de investir. Têm medo de se “enrolarem” com corretoras, escolhas de títulos e outras coisas do gênero. Dentro da linha de estabelecer um novo hábito “aos poucos”, por que não abrir uma conta em uma corretora (qualquer uma!) e mandar a quantia menor possível (podem ser até mesmo os 30 reais mínimos exigidos para se investir no Tesouro Direto)?

Aí, investe-se esse valor irrisório apenas para “descobrir o processo” e adquirir segurança nele. A mesma coisa vale para os tão festejados títulos de bancos menores (mais rentáveis e tão seguros quanto os dos grandes bancos). Porém, esses títulos bancários costumam ter um “ticket de entrada” um pouco maior (seriam mais indicados para um “segundo passo”).

De qualquer forma, a melhor maneira de fugir (de vez) da Caderneta de Poupança é aos poucos, de uma forma que se vá ganhando confiança e desenvoltura, especialmente com os agentes financeiros “menos tradicionais” (como corretoras, distribuidoras e bancos pequenos) envolvidos e com as plataformas de investimento.

André Massaro é criador do curso Blueprint, professor de finanças do Instituto Educacional BM&FBOVESPA, autor do blog “Você e o Dinheiro” do Portal EXAME (Editora Abril), apresentador do canal “Seu Dinheiro na TV” do Portal EXAME (Editora Abril), consultor de Economia e Finanças da Rádio Jovem Pan, autor publicado de três livros sobre finanças pessoais e investimentos.