Clube do Pai Rico

Em busca da próxima oportunidade de investimento

A rotina para quem vive de investimentos, especialmente para os que vivem dos em Bolsa, é um eterno jogo de paciência. Ficamos na expectativa de vermos uma nova sinalização de trade, esperando pela próxima chance de entrarmos na melhor oportunidade de investimento daquele instante. 🙂

E garanto para vocês: só consegue sobreviver aquele que consegue obedecer este “pré-requisito”, e fica aguardando que uma sinalização seja dada, que uma operação, com baixo índice de chances de erro, surja para fazer o faz me rir do mercado. 😉

Inúmeras oportunidades surgem diariamente, em diversos ativos. Possibilidades de compra, de venda, em ações, em opções, em commodities, em futuros. Oportunidades não faltam, mas como conseguir aproveitar o máximo delas ? Sinceramente ? Não sei lhe responder, pois estou aqui, aguardando a chance de aproveitar o mínimo possível delas. De preferência, apenas uma que me garanta o mês. 😀

Sim, eu opero desta forma. Fico aguardando por um sinal, por uma indicação de uma operação que me garanta um bom retorno. E sim, na maioria das vezes o que acontece é que aguardo uma única operação no mês, que me proporcione um bom índice de retorno com um baixo nível de risco. Fico de tocaia, esperando um movimento em falso … BANG !

Olhando vários ativos, para filtrar o melhor sinal dentre eles ?

Não. Olho apenas para a PETR4, acompanhada dos índices (Ibovespa, Dow Jones e SP&500) para obter um reforço na “teoria da operação”, ou uma negação para fazê-la. Sim, apenas uma ação é negociada por mim. Na verdade vendo suas opções. Uma forma mais rápida, mais alavancada, mais … “favorável para o meu lado”.

Acompanhando apenas uma ação fico mais concentrado, conseguindo aproveitar melhor o que surge, conseguindo filtrar melhor o que vejo. Poderia até negociar com mais ações e obter o mesmo resultado (ou maior, vai saber …), mas a estratégia tem funcionado para mim deste jeito, nos últimos muitos anos. Por que mexer em time que está vencendo ? 😉

Na verdade eu já tive experiências onde acompanhava mais ativos, no meu início em Bolsa. O resultado era muito diferente do atual. Ok … a experiência que eu tinha era muita pequena, nem sequer comparável com a que tenho hoje. Mas como disse … se está funcionando, por que mudar ?

Acompanhando apenas um ativo fico na frente do computador o dia inteiro, mas com a possibilidade de fazer muitas outras coisas enquanto isso. Ver um bom filme ? Posso. Ver um seriado ? Claro ! Ler um livro ? Por que não ? Precisa dar um saída ? Sem problema, basta acompanhar via celular …

Acompanhar um ativo me dá liberdade, me permite aproveitar meu dia, mesmo ficando ligado no que acontece na Bolsa.

Mas como pagar as contas desse jeito ?

Como disse, espero por uma oportunidade, com baixo risco, mas com o retorno necessário para arcar com meus gastos mensais. Preciso esperar mais ? Preciso ficar posicionado por mais tempo ? Preciso ficar dentro do mercado por mais tempo, aumentando desta forma o meu risco ? Talvez … mas é assim que tenho feito, e é assim que tem funcionado. 🙂

Claro, a “pressão” das contas existe para todos, e comigo não podia ser diferente. Mas enquanto não surge a oportunidade de investimento que vai garantir o mês, o meu colchão de segurança me protege. 😉

E não poderia ser diferente ! Já pensou você operando, precisando realizar uma operação para levantar o dinheiro do mês, sem aparecer um sinal claro ? Muito provavelmente você acabará entrando em uma operação “não muito segura”, apenas para tentar ganhar algo. Já imagina qual é o possível cenário após essa entrada, não é mesmo ?

Sim, você entrará na operação, muitas vezes contrariando sua estratégia, numa operação com mais risco do que de costume … e ela dá errado. Perda …

O que funciona para mim é justamente a proteção de não “precisar” do dinheiro daquela operação. Alivia a pressão de ter de fazer dinheiro, ajudando a enxergar as coisas de forma mais clara. E isso pode fazer toda a diferença na hora de decidir se uma operação é válida ou não.

Ontem mesmo tive um exemplo …

Quem me acompanha no twitter deve ter visto eu falando no final do pregão sobre a minha vontade de vender alguma coisa de PETR4.

As condições do gráfico intraday apontavam para a possibilidade de uma corrigida para hoje. Aos menos algumas das coisas que olho diziam isso. Mas não existia um sinal claro de que era a hora de vender. O papel estava sendo negociado por R$7,65 …

Era apenas o meu feeling, o meu sentimento (que muitos dizem fazer parte da experiência acumulada, mas melhor não entrarmos nesta discussão agora, hehehe) de que a coisa poderia mudar. Só que não havia uma confirmação desta condição de venda. Portanto …

A minha intenção era a de realizar uma venda curta, aproveitando o possível alívio nos indicadores de curto prazo, possivelmente já no começo do pregão de hoje. Isso eu achava, sem sinal de que “faria” isso ? Não fiz.

O papel fechou em R$7,70. No after, nos R$7,80. Quase 2% em relação ao ponto em que montaria minha venda. 🙂

Se fiz bem em não me ouvir ? Dentro de mais alguns minutos saberei. Mas de uma coisa eu já sei: acertei ! Por quê ? Simples, obedeci à minha estratégia. 😀

Se o que vem funcionando é ficar no aguardo de uma sinalização do mercado para montar a operação, fazer uma operação só porque “achei que cairia” iria contra ao método que venho adotando. Este é o primeiro passo para a perda …

Nunca entrou no achismo Zé ? Conta outra …

Sim, e justamente por ter feito isso algumas vezes, sei que não é o melhor a ser feito. Muitas vezes acertei. Muitas mesmo, foram mais acertos do que erros. Porém, os erros falaram mais alto do que os acertos …

Sim, também já precisei realizar uma operação para cobrir uma parte dos gastos do mês. A consequência ? Criei uma operação que precisou ser carregada por vários meses, que acabou me trazendo um baixo retorno, quando comparado com o risco que corri com ela. Felizmente não gerou uma perda tão grande quanto poderia a que poderia ter sido criada (graças à rolagem, e tem gente que fala mal dela !!), mas tive uma boa dose de stress que não seria necessária se respeitasse à estratégia.

A luta que um investidor trava diariamente não é contra os comprados ou os vendidos, tubarões ou sardinhas, nem mesmo contra o mercado como um todo. A verdadeira batalha de um investidor é consigo mesmo. O inimigo, muitas vezes, está mais perto do que gostaríamos que ele estivesse …

Investir: quanto mais simples, melhor

Você acha que investir é complicado e que somente pessoas com grande conhecimento técnico e financeiro podem ser bem sucedidas como investidores?

Para muita gente, essa é uma verdade absoluta. Para ganhar dinheiro no mercado – pensam -, é preciso ser um grande gênio, dominar fórmulas matemáticas complexas, ter programas de computador sofisticados e capazes de mostrar tudo o que está acontecendo no mercado em um determinado instante. A imagem que vem a mente é algo mais ou menos assim:

mil monitores

Se você não tem conhecimento, tecnologia e tempo suficientes para investir no mercado, só resta uma alternativa: ter dinheiro o bastante para contratar quem tenha o conhecimento, a capacidade técnica e os instrumentos tecnológicos necessários para o sucesso no mercado financeiro.

Ou você é Gordon Gekko, dono de uma empresa financeira capaz de contratar os melhores operadores do mercado, ou você é um nerd capaz de entender toda a complexidade do mercado e obter lucro a partir desse conhecimento.

Gordon Gekko

Só quem usa estratégias complexas vence no mercado?

Será que as coisas são assim mesmo? Eu acredito que não. É verdade que os grandes barões do mercado, como o eterno Gekko, têm a sua disposição algo que nós mortais não temos: muito dinheiro para contratar os melhores técnicos do mercado financeiro. E é verdade também que isso dá a eles uma grande vantagem competitiva na hora de investir.

Mas… e é esse o meu ponto… será que o pequeno investidor está condenado a ter rendimentos medíocres por causa disso? Não. E é aí que a imagem popular de que só enriquece no mercado financeiro quem tem muito dinheiro ou conhecimento técnico extremamente sofisticado se torna uma ilusão.

Você, eu, e qualquer outro investidor temos muitas informações que podemos utilizar no nosso dia-a-dia para conseguir bons resultados. Talvez não tão bons quanto esses perfis podem acabar obtendo, mas hoje qualquer um com acesso a um computador com internet tem a sua disposição mais informação do que Warren Buffett tinha no início de sua carreira.

Além disso, não há nada que garanta que adotar uma estratégia sofisticada demais pode dar bons resultados. Lembram da crise de 2008? A do subprime dos Estados Unidos, que culminou em uma bolha imobiliária estupenda? Pois é. A crise chegou onde chegou porque vários fundos de investimento resolveram investir em ativos podres. E boa parte desses fundos de investimento eram geridos por empresas trilhardárias, capazes de contratar os melhores nerds do pedaço. E boa parte deles acabou entrando pelo cano na história, comprando alguns dos piores investimentos da história de Wall Street.

Já quem estava fazendo o trivial, comprando ações e outros investimentos aos poucos, diversificando, fazendo um bom preço médio na sua carteira, pode nem ter sofrido tanto com aquele momento. E pode até ter tido um excelente lucro.

Há um acrônimo, nos Estados Unidos, que se aplica perfeitamente ao mundo dos investimentos: KISS – Keep It Simple, Stupid! Ou seja, “Faça o Simples, Estúpido”! Eu adoro esse acrônimo: de partida, ele assume que nós somos estúpidos, idiotas mesmo. Ou seja, não adianta inventar moda, você (eu também, nada pessoal) é um estúpido que não vai conseguir desenvolver nada muito complicado. Faça o fácil, faça o simples. Não invente!

É claro que alguns investidores sofisticados terão resultados espetaculares, muito acima do mercado. Mas eles não são a maioria nem entre os fundos de investimento de investidores milionários! Mesmo eles têm dificuldade de performar muito acima do mercado. É claro, óbvio, que têm a disposição investimentos diferentes, que rendem mais do que os produtos a disposição do pequeno investidor. Mas, ainda assim, são raros os que conseguem obter performance muito acima do mercado.

Tanto é assim que Buffett conseguiu toda sua fortuna com um rendimento de 21% ao ano no mercado de ações. Nada muito espetacular, certo? Não é nada como 4%, 5% ao mês.

Quando eu digo “não invente”, “faça o simples”, quero dizer com isso que o pequeno investidor deve aprender a utilizar as ferramentas que tem a sua disposição, e não sair de seu círculo de competência para utilizar ferramentas novas que não domina. Muita gente gosta de brincar com opções, no mercado de ações, sem saber. E aí se ferra. Ou quer investir em ações, sem ter o menor domínio de nada. Resultado? Toma ferro e depois sai chorando que o mercado de ações não presta.

Keep it simple, stupid.

Temos bons instrumentos a disposição do pequeno investidor. Há bons fundos de investimento relativamente baratos e bem rentáveis. É possível ganhar muito dinheiro no mercado de ações – no longo prazo! – com estratégias simples como a Buy and Hold e o dollar cost averaging (fazer preço médio). Temos a renda fixa pagando juros estratosféricos. E pagando mais ainda em debêntures. Pra que complicar, se você não sabe?

Outra coisa: não tente comparar seus rendimentos com o de 1% dos milionários que conseguem auferir muito mais do que a média do mercado. Sim, eles são mais ricos, têm a disposição ferramentas que você não tem e, além disso – esse é o ponto importante! – são exceções mesmo entre os muito ricos. Tentar obter o mesmo resultado é, para a maior parte dos mortais, quase impossível.

E a boa notícia é que ficar na média, ou um pouco acima dela, já pode ser ótimo! Você não corre grandes riscos, protege seu capital e ainda obtém uma boa rentabilidade.

Quer ver um exemplo?

1446001242_thumb

Pega aí o tesouro direto. Já tô ficando chato com isso, mas olha aí. Tem título pagando 7,15% + IPCA até 2050. Bota aí na calculadora o quanto renderia um investimento de R$ 50.000 num título desses:

1446001417_thumb

Mais de R$ 4 milhões. Aí vem o sujeito e me diz pra descontar a inflação (que considerei ser de 6% ao ano). Fazendo as contas, daria bem menos: em torno de R$ 500 mil (em poder de compra atual). Mas pensa só: você multiplicou por DEZ VEZES seu capital em 35 anos. E isso porque eu considerei apenas UM investimento de R$ 50 mil. Se você investisse R$ 200 mil, por exemplo, teria mais de R$ 2 milhões. E imagine que ao longo de toda a sua vida produtiva você pode conseguir acumular até mais do que isso.

E estou falando só do tesouro direto. Olhando no site da minha corretora, a XP Investimentos, eu encontrei uma debênture pagando NOVE POR CENTO + IPCA. Sim, 9% + IPCA até 2022. Fica melhor: como é debênture incentivada, não tem imposto de renda.

1446001652_thumb

Fiz as contas e, considerando inflação de 6% ao ano e desconsiderando o fato de que haverá amortizações, o investimento poderia transformar R$ 50 mil em R$ 132.029,00. Quase triplicou o valor do investimento em apenas 7 anos.

E tudo isso é investimento à disposição do pequeno investidor. Basta ter coragem, abrir a conta numa corretora e estudar as opções.

É óbvio que esse investimento tem risco. A emissora, Companhia do Saneamento do Tocantins, pode não pagar os juros prometidos.

E aí chega outro ponto no qual quero tocar. Não deixe o medo apavorar você e impedi-lo de tomar atitude. Esse é outro problema que impede muitos investidores de tomarem boas decisões. Enxergam o risco e, ao invés de manejá-lo, resolvem ficar paralisados e não fazer nada – ou fazer o que sempre fazem, que é investir na poupança.

Mas risco não é algo a ser evitado, e sim, manejado. Você deve ter uma carteira equilibrada, fazendo alocação de ativos. Não deve evitar riscos, mas desenvolver uma carteira em que você possa usufruir do melhor de cada tipo de risco enfrentado, sem sucumbir caso o evento potencialmente mais drástico ocorra. Então, se as debêntures podem não vir a ser pagas, não enfie todo seu dinheiro nelas, oras! Distribua a parte destinada a debêntures em vários títulos, e não deixe de ter outros tipos de investimento.

Tudo isso é simples. Simples, mas não fácil. Porque o ser humano tem a mania de querer complicar as coisas.

Keep it simple, stupid!

Fábio Portela L. Almeida é mestre em direito constitucional e mestrando em filosofia pela Universidade de Brasília e é um investidor desde 2006. Desde então, tem estudado sobre temas relacionados ao mercado como autodidata. As dificuldades encontradas para obter informações simplificadas e corretas sobre investimentos o levou a escrever o blog O pequeno investidor, que tem por objetivo ensinar a pequenos investidores, com uma linguagem clara e descomplicada, como funciona o mundo dos investimentos.

4 opções de Renda Fixa, qual delas devo escolher ?

Pergunta:

Zé, qual sua sugestão para investimento em renda fixa?

1) Título do tesouro pré fixado a 15,51% com vencimento em 2018
2) LCA 97% do CDI com vencimento em 2017
3) CDB 122% do CDI com vencimento em 2017
4) CDB pré fixado a 16,9% com vencimento em 2017

Já sou um investidor médio e sei sobre o FGC, sei sobre o IR no CDB, sei da falta de liquidez do CDB e LCA…

Só queria saber mesmo o que você sugere entre esses 4.

Sei que o item 4 praticamente descarta o 1, porém o tesouro com todos os problemas enfrentados ainda sim tem uma liquidez diária o que torna mais rápida que o CDB caso precise tirar antes.

Qual seu sentimento, com toda sua experiência, com o valor da taxa CDI até 2017? Já acompanho as notícias, alguns blogs, relatório focus, os top 5…. Mas acho pouco provável que em 2 anos realmente o governo consiga controlar a inflação do jeito que estão dizendo de um acumulado a 9,pouco e com projeção de fechar o ano com 2 dígitos.. e com isso ir diminuindo a taxa selic.

Como tenho só alguns meses de experiência, queria sua opinião.

E parabéns pelo blog!

Resposta:

Bom dia Tiago,

Muito obrigado ! Espero que o conteúdo aqui disponibilizado esteja lhe ajudando a dar o próximo passo em sua jornada Financeira. 😉

Já é assinante de nossa newsletter ? Ela facilita bastante a vida de quem está comprometido com o progresso de seu aprendizado. Todos os dias o sistema lhe manda um e-mail com as atualizações do site do Clube, desta forma você pode ficar sempre em dia com o que falamos por aqui. É uma espécie de tratamento VIP que damos aos fieis membros do Clube do Pai Rico. Com um detalhe: sem usar seu e-mail como alvo de spam. 😀

Eu acho que a nossa taxa de juros não poderá ser alterada tão cedo … (ao menos para baixo), então acredito que podemos levar em consideração uma simulação que considera a taxa atual (14,25% ao ano) até 2017. Lembrando: é uma simulação … 🙂

Sobre qual das 4 opções escolher, acho interessante fazer as continhas básicas para ver qual é o rendimento de cada. Vamos lá ? 😉

1- 15,51% – limpo 13,18% (IR de 15%)
2- 97% do CDI – limpo 13,82% (isento de IR)
3- 122 do CDI – 17,38% – limpo 14,78% (IR de 15%)
4- 16,9% – limpo 14,36 (IR de 15%)

Então, o CDB acabou se saindo melhor ! Ao menos em relação aos ganhos oferecidos …

Claro que você precisa levar em consideração a necessidade, ou não, de liquidez para o dinheiro ali investido. Se não me engano, até mesmo o CDB com tempo de resgate oferece a possibilidade de liberação da grana mediante a um desconto … (não sei se em todos os casos)

Se existe a expectativa de necessidade desse dinheiro durante o prazo de aplicação (levando em consideração que haverá um desconto para que isso ocorra), acredito que a “melhor” alternativa passaria a ser a . Desta forma você não ficaria na dependência de existir a possibilidade, ou não, de poder sacar o dinheiro do CDB.

Espero ter lhe ajudado ! 🙂

Abraços !

O que muda nos meus investimentos se a CPMF voltar ?

Esta pergunta me foi feita pelo Iury, em um comentário de um post aqui no site. Achei tão importante que resolvi dar destaque com um post exclusivo para ela:

Aproveitando o espaço, Zé, sua próxima “Pergunte ao Pai Rico”: qual é o impacto financeiro que a eventual volta da CPMF trará aos investimentos em bolsa? (eu não cheguei a pegar a antiga CPMF em meus investimentos)

Se a CPMF passar …

Antes de qualquer coisa: não sabemos ainda quais serão os moldes desta “nova” CPMF. Não temos ideia se adotarão as mesmas ferramentas que tínhamos no passado (nem tão ditante assim). Sim, me refiro à conta investimentos.

Para quem não se lembra, ou que não tenha vivido aquele momento, quando a CPMF estava ativa, e cobrando 0,38% sobre todo e qualquer movimento dentro de nossa conta bancária, foi criada uma “segunda conta” destinada exclusivamente a parte de investimentos. Era uma conta que servia unicamente para colocarmos o dinheiro que seria usado para a compra de ações, fundos de investimentos, CDBs, etc.

A principal característica desta conta era a de ser isenta da cobrança da CPMF. Sim, as movimentações daquela conta eram livres da “contribuição”. Mas somente as movimentações realizadas dentro da conta. Por que destaquei isso ? Simples: quando você transferia o dinheiro da sua conta corrente para a conta investimento, havia a incidência da CPMF. Afinal o dinheiro estava “saindo” da sua conta corrente.

A cobrança era feita uma única vez, no momento da transferência. Depois disso, isenção total nas movimentações. O dinheiro que ali estava ficava livre para migrar de um investimento para o outro, sem o peso dos 0,38% da tributação.

Mas como funcionava com a compra de ações ?

Na compra de ações, além da conta investimento em seu banco, existia a “conta investimento na corretora”. Era uma sub-conta (normalmente só mudava o dígito verificador da sua conta original), que direcionava as cobranças e créditos à conta investimento.

Sim, você permanecia com as duas contas ativas, você podia negociar tanto na que tinha a incidência de CPMF, quanto na que era livre dela. Às vezes gerava um pouco de confusão, pois era preciso indicar a conta específica que estava livre. Um erro, daqueles que a falta de atenção era premiada.

As ações compradas na conta original, permaneciam nela, até que você as vendesse e usasse o dinheiro para comprar novas através da conta investimento. Não era permitida a migração entre contas pura e simples.

Interessante destacar que no início a conta investimento não atendia ao mercado acionário … Só depois de algum tempo a situação foi corrigida, permitindo assim a isenção da “contribuição” aos investidores.

Podíamos depositar diretamente na conta investimento ?

Não. Infelizmente o procedimento padrão era: depositar na conta corrente, para em seguida realizar uma transferência à conta investimento.

Portanto ao menos uma vez o seu dinheiro era tributado …

Com o caráter de tributo fiscalizador, a lógica é perfeita. Afinal nenhum dinheiro ficaria livre da incidência do tributo, sem ter sido “fiscalizado” uma primeira vez.

Teremos direito à conta investimento ?

Difícil dizer … Na verdade, não sabemos nem se a CPMF terá apoio do Congresso para ser aprovada. Nos resta ficar na expectativa, torcendo para que caso volte, volte com as mesmas características apresentadas no passado.

Me lembro que foi um baque no momento do anúncio. Para a Bolsa mesmo … Só melhorou um pouco o clima depois da expansão do benefício da CI para o investimento em ações.

Dedos cruzados pessoal ! 😉

Pergunte ao Pai Rico ||| 384

Pergunta:

Ola!

Gostaria de saber sua opinião: Posso pegar um empréstimo de 120 mil reais e pagar em 56 prestações de R$ 3264,00.

Qual seria a melhor estratégia para aplicar esse valor, de forma que ao menos o juros se pague com a aplicação??

1- Realizar Operação de TAXA? buscando 1% a.m acredito (pelas minhas contas duvidosas) que o juros ja se pague! Com 3%a.m. o emprestimo todo ja se paga! Mas creio que seja dificil!

2- Comprar uma ação VALE5, por exemplo, reinvestir os dividendos (que estão na casa dos 10%) e simultaneamente realizar venda coberta para remuneração da carteira (buscando em torno de 4%a.a.)?

3- Colocar tudo na Renda Fixa (LFT ou CDB – 13,75%a.a) e deixar de garantia para realizar travas no crédito com opçoes CALL e PUT??

4- Não pegar emprestimo coisa nenhuma, e aplicar mensalmente esse valor numa dessas 3 estrategias?

Obrigado

Resposta:

Bom dia Cesar,

Essa é uma estratégia válida. Arriscada, mas válida. 🙂

Quem está lembrado da minha compra do carro adotando ideia parecida ? 😉

É uma estratégia válida … Porém pode se tornar uma bela armadilha para a grande maioria. 🙁

Por exemplo: para que você consiga terminar os 56 meses (nunca tinha visto um período “quebrado” assim, normalmente é 48 ou 60, hehehe) com os R$120 mil na carteira, precisaria obter um retorno mensal de 2,72%, já descontado o imposto de renda. É um retorno elevado, mas possível.

Agora vamos ver as tuas sugestões um pouco mais detalhadamente:

1- Não, 1% ao mês não será o suficiente … Como a taxa de juros que te ofereceram foi de 1,5% ao mês – já descontado o IR, você precisaria, no mínimo disso. (assumindo que este seja o valor final, já incluído neste valor todas as taxas de abertura de crédito e coisas do tipo)

E justificaria ? Não, pois o rendimento serviria apenas para pagar o empréstimo. No final do período você não ficaria com nada …

Você precisaria obter algo acima de 2% para que sobrasse algo para você.

2- Comprar uma ação (como no exemplo a VALE5), para receber dividendos e rentabilizar através de operações com opções.

E se a cotação da ação cair (que nem aconteceu com a própria VALE5 no último ano) ? Será um pouco mais difícil para obter o retorno necessário … concorda ? E se acontecer como a Petrobras, que anunciou que não distribuirá dividendos em 2015 (e provavelmente em 2016 também …) ?

Pensar em usar ações, ou opções, para obter o retorno necessário, só se você já tiver um histórico com a estratégia. Alguns meses/anos, obtendo o retorno necessário (e elevado) “todos os meses” (na média, é claro). E mesmo assim é um belo risco a se correr …

3- Com isso você quase consegue o necessário para pagar a taxa de juros do empréstimo (os 1,5%) com a parte renda fixa do negócio. O extra poderia sair das operações com opções, mas cairia na parte final da resposta anterior: tem histórico com a estratégia ?

O ideal era fazer isso com travas bem OTM. (bem mesmo)

Essa é “praticamente” a – minha – estratégia ideal. 😉

Renda Fixa + venda de PUT (descoberta) + venda de CALL (travada)

Você vende a quantidade de PUT equivalente ao valor que tem no CDB, pois se precisar ser exercido, terá o dinheiro na conta e não precisará se preocupar com isso. A parte da venda travada de CALL é o que traz mais risco para a estratégia.

Mas já aviso aos navegantes: é preciso ter uma bela experiência para adotar essa estratégia ! O risco é grande !

4- Mas se você não tem esse valor (acredito que este seja o motivo para adotar a estratégia …), como fazer ? 😀

Se tem, é uma coisa bem diferente … Mas dai esse já é um papo diferente, para outra hora. 😉

Espero ter lhe ajudado ! 🙂

Abraços !