Por Maurício Katayama
O objetivo deste texto é explicar ao iniciante as diferenças de se investir em um fundo de ações e comprar ações “diretamente”.
FUNDOS DE AÇÕES
Os fundos de ações são “condomínios” de investidores que contratam um gestor profissional para administrar sua carteira. A princípio parece bom, mas obviamente o gestor cobra pelo serviço, mesmo que resulte em prejuízo.
Quando você investe dinheiro em um fundo, não está realmente comprando ações. O fundo é um condomínio que compra ações (e outras coisas) e você compra cotas (frações) desse condomínio.
Quem decide como, quando e quais os papéis a serem negociados é o gestor do fundo, dentro das regras descritas no prospecto.
Primeiramente, é importante ler no prospecto do fundo se ele tem gerenciamento ativo ou passivo.
Gerenciamento ativo: Compra e vende papéis ativamente na bolsa, com o objetivo de realizar lucro com a oscilação do mercado. São mais arriscados, mas visam uma maior lucratividade. O problema é que se o gestor não for muito bom, perde-se dinheiro ou então tem-se lucros inferiores ao “comprar e reter”.
Gerenciamento passivo: Compra papéis quando entra dinheiro no fundo e vende-os quando precisa do dinheiro para pagar alguém que vai sair do fundo. É o “comprar e reter” só que feito em grupo. O objetivo é lucrar no longo prazo, economizando o dinheiro de corretagem e emolumentos de movimentações freqüentes. O problema é que se o papel cai, o fundo também cai e o gestor não vende as ações.
Ao contrário do que muita gente pensa, os fundos de ações não são compostos apenas pela ação que dá nome ao fundo, mas sim por uma diversidade de papéis. Por exemplo, o fundo BB Ações Petrobrás é composto de aproximadamente 95% de ações da Petrobrás, 3,5% de letras do tesouro e o restante em valores a receber. Você poderia “emular” um fundo destes investindo diretamente 4% no tesouro direto e 96% em ações da Petrobrás.
Também recomendo ler no prospecto se o fundo admite derivativos, e qual a porcentagem máxima que pode ser preenchida com essa modalidade de investimento. Fundos com derivativos são bem mais arriscados, mas também podem proporcionar lucros maiores.
Outra diferença importante diz respeito às taxas. Fundos de ações sempre cobram uma taxa de administração, para remunerar o gestor do fundo. Essa taxa é cobrada quando o fundo dá lucro ou prejuízo, não importa. Dinheiro investido em fundos paga imposto de renda de 15% sobre os lucros e paga CPMF para investir a partir da conta corrente.
Outra característica dos fundos de ações é que eles são lentos pra movimentar o dinheiro. Se você deposita nos fundos, ele só vai contabilizar em D+1 (o dia útil seguinte ao dia em que você aplicou). O resgate é só em D+4. Ou seja, se você vê a ação caindo, caindo, caindo e tira o dinheiro do fundo, leva um bom tempo (de perdas) até o seu dinheiro ser devolvido.
COMPRA DIRETA
Investir em ações pessoalmente requer um cadastro em uma corretora. Você não pode realmente comprar ações diretamente da Bolsa, é necessário a intermediação da corretora. Para cada movimentação (compra ou venda) paga-se corretagem (remunera a corretora) e emolumentos (remunera a bolsa).
Ações são isentas de CPMF e isentas de imposto de renda se você vender menos de R$20.000,00 por mês. Se tiver prejuízo em um dos papéis, pode descontá-lo do lucro de outro papel no pagamento do IR.
O imposto pago sobre ações é mensal e é de responsabilidade do próprio investidor, através de DARF.
Eu sou da opinião que a compra direta de ações é mais vantajosa do que investir em fundos de ações. Basicamente, investindo nos fundos você está dando parte dos seus lucros ao banco. Por outro lado, investir em ações por conta própria requer muito mais estudo e dedicação por parte do investidor, que tem que acompanhar as cotações para fazer um bom negócio e analisar os papéis para investir nos ativos mais adequados ao seu perfil.
EXEMPLO:
Comprando cotas de Fundo de ações Vale do Rio Doce do Banco do Brasil:
– Cobra 15% de Imposto de Renda no saque
– Cobra 0,38% de CPMF se o dinheiro vier da conta corrente
– Cobra 2% de taxa de administração anual
Comprando ações diretamente por corretora que utiliza a tabela de corretagens da Bovespa:
– Corretagem: a taxa da corretora. Para valores entre R$1.514,70 a R$3.029,69 custa 1% mais R$10,06.
– Emolumentos: a taxa da bolsa. Custa 0,035% do valor negociado.
Portanto, para uma aplicação ou saque de R$3.000,00 pago cerca de 1,37% de custo operacional.
RESUMO
Vantagens dos Fundos de Ações:
– Permitem diversificação da carteira com investimento mais baixo;
– Forma mais simples de investimento, pois você não precisa se cadastrar em uma corretora, é possível investir em um fundo de ações do banco onde você já tem conta corrente/investimento;
– Tributação mais simples, pois é retida na fonte;
Desvantagens dos Fundos de Ações:
– Você paga CPMF para aplicar da conta corrente para o fundo;
– Você paga 15% de imposto de renda sobre os lucros;
– Você paga taxas de administração para o gestor do fundo (geralmente de 1% a 4% ao ano);
– Pouca agilidade. Normalmente leva-se D+1 para a aplicação e D+4 para o saque. Se a ação cair bruscamente em um dia, não é possível bloquear a perda saindo do fundo no mesmo dia;
Vantagens de se comprar ações diretamente:
– Isenção de CPMF para a compra de ações;
– Isenção de Imposto de Renda para vendas inferiores a R$20.000,00/mês;
– Agilidade. Dependendo da liquidez dos papéis, um home broker faz a transação em segundos;
– Você pode compor uma carteira da maneira que quiser, adaptada às suas estratégias e perfil; É como usar uma roupa sob medida, ou construir um computador escolhendo as peças que o compõe;
– Não há taxa de administração, embora algumas corretoras cobrem uma taxa para manutenção da conta;
– Os dividendos das ações caem diretamente na sua conta investimento e você decide o que fazer com eles;
– Ganha-se conhecimento ao ganhar/perder com as aplicações na bolsa;
Desvantagens de se comprar ações diretamente:
– É necessário um conhecimento financeiro maior para gerir a própria carteira;
– É necessário acompanhar ativamente sua carteira para maximizar os lucros ou para minimizar as perdas. Não é só “comprar e esquecer”;
– Você tem que se cadastrar em uma corretora;
– Você é o responsável pela declaração do imposto de renda (DARF) que é mensal;
Comprando diretamente as ações você paga corretagem e emolumentos para cada movimentação, embora os fundos de ações também o façam deduzindo estes custos do montante total.
Espero ter ajudado,
Maurício
Ps: Eu não sou contra investir em fundos de ações. São investimentos melhores do que a as outras opções de investimento oferecidos pelas instituições financeiras, eu mesmo tenho investimentos em fundos para fins de diversificação. Entretanto, eu ainda sustento a idéia de que, se for possível para você, é mais vantajoso aprender a operar diretamente suas ações do que remunerar um terceiro para fazê-lo. Com isso você ganha conhecimento e tem um maior controle dos seus papéis. Só que não dá pra aprender a operar da noite pro dia, então o ideal é a pessoa começar aplicando em fundos e gradualmente começar a operar seus papéis. E o melhor, comparar o desempenho da sua gestão com a gestão do fundo. É um ótimo parâmetro, e é divertido de se fazer !
Para aqueles que não podem acompanhar o dia a dia do mercado, não tem segurança para operar por si próprios ou almejam ampla diversificação, os fundos de ações são a escolha mais adequada.