A bola de neve das dívidas só aumenta !! Como me livrar dela ?
Pergunta:
Olá, bom quero uma luz a respeito da situação que enfrento, sou funcionário público, renda de 7300,00, emprestimos pessoais descontados em folha, alguns com 96 parcelas, outros com 85, mas todos acima de 80 parcelas, totalizando exatos 3977,52; o que me sobra (3322,48) consigo manter a casa, água e luz, telefone,ainda prestação do carro e renegociação de cartão de crédito, mais os gastos com filhos etc, totalizando 3312,00, o que da pra reduzir seria o valor de 453,00; como faço um colchão de segurança? Pego estes 453,00 e faço o colchão ou injeto em algum destes contratos para quitar mais rápido? Lembrando que o que tem menos parcelas são 82x. Entra ano e sai ano e a situação não muda, nunca tenho um centavo fim de ano; coisas quebram e tenho que recorrer a emprestimos de novo, eterno ciclo vicioso.
Resposta:
Bom dia Wemer,
Situação complicada … O pior é que a cada dia vejo mais e mais histórias parecidas com a sua. 🙁
Pessoas que ganham um bom salário, mas que acabam tendo problemas de orçamento por conta do “consignado”. (não, não é o consignado o culpado, ele é só a parte visível da coisa, o problema é mais profundo e é relacionado ao controle de gastos propriamente dito)
Mas isso não isenta a “indústria” do consignado não. Por quê ? Simples: existe uma “regra” que restringe a liberação de crédito para nós, PF, ao equivalente a 30% dos ganhos. O que no seu caso seria equivalente a R$2.200,00 …
É … o limite da soma das parcelas de empréstimos (e aqui entraria o financiamento imobiliário, o crédito pessoal/consignado, financiamento de carros, etc) era para ser equivalente a 30% do que a pessoa ganha. Não mais do que isso, justamente para evitar o efeito bola de neve. Mas como você mesmo sente na pele, a “regra” é muitas vezes ignorada. Você está quase com o dobro do que era para ser o seu limite ! 😯
Mas vamos nos focar no seu caso, o que fazer para melhorar a sua situação ?
Já adianto que será necessário realizarmos um trabalho de formiguinha … Algo lento e gradual. Ok ?
Você disse que conseguiria reservar R$453 todos os meses para abatimento da dívida/formação do colchão de segurança. Correto ?
Partindo do princípio que este valor não é suficiente para quitar nenhuma das dívidas, apenas abater parcelas que vencerão no futuro, precisaremos adotar uma estratégia específica para ir diminuindo o problema. Precisamos cortar o mal pela raiz. 😉
Primeiro de tudo: o colchão de segurança deverá ser usado somente para EMERGÊNCIAS. Ok ? E emergência, é emergência mesmo …
Você pegará estes R$453 e destinará o valor para um investimento seguro e de boa liquidez. Você poderá usar o Tesouro SELIC ou um CDB que pague perto de 100% do CDI. Se não encontra um CDB nestas condições, destine o valor para o Tesouro SELIC. Este valor será a sua reserva de emergência e servirá para cobrir os gastos imprevistos e que não podem ser adiados. Nada de viagens ou comprar supérfluos neste momento …
Todo e qualquer valor extra que for obtido neste momento deverá ser destinado para esse investimento. É ele que te trará segurança, é ele que te ajudará a impedir que a bola de neve seja realimentada a cada nova necessidade de dinheiro. Mas lembre-se: esse dinheiro deverá ser gasto apenas com o que for essencial !!!
O ideal é que você consiga acumular algo próximo a R$5 mil neste investimento. Acredito que o valor seja mais do que suficiente para cobrir o tipo de “emergências” que você se refere em seu questionamento.
Depois de ter atingido o montante que servirá de proteção em situações emergenciais (sim, a repetição é proposital), você deverá começar a destinar o valor para o abatimento das dívidas. Comece pelo cartão de crédito, pois a taxa cobrada de juros pelo atraso de seu pagamento é uma das mais altas do mercado. Depois do cartão direcione o capital para o adiantamento das últimas parcelas do empréstimo consignado, se isso for possível … Digo “possível” pois alguns empréstimos não permitem que isso seja feito e só aceitam que a dívida seja encerrada por inteiro.
Se for o caso, acumule os R$453 na mesma aplicação que montou o seu colchão de segurança (mas lembre-se que um “bolo” é do colchão e o outro é para a quitação das dívidas) até que esta nova acumulação atinja o valor necessário para quitar uma das dívidas existentes. Chamemos esta nova acumulação de “fundo de recuperação”. Vá repetindo o processo até que todas sejam encerradas. 🙂
Como disse, é um trabalho de formiguinha e que leva tempo, esforço e dedicação. Nesse meio tempo você provavelmente precisará usar o dinheiro do colchão … Use apenas para as emergências e reponha o dinheiro o mais rápido possível !
Lembre-se: todo e qualquer dinheiro extra deverá ser destinado para esse fundo de recuperação. 13º, férias, toda e qualquer renda extra deverá ser imediatamente direcionado à quitação das dívidas. Nada de se “presentear”, viajar ou dar um “agradinho” para alguém … Este é um momento delicado e somente com a atitude correta é que você poderá se livrar da bola de neve das dívidas.
Outro ponto importante: mostre para a sua família que a situação é complicada e que todos precisam ajudar. Seja através da diminuição dos gastos ou através da obtenção uma renda extra. E claro … aperte o cinto nos novos gastos.
#1 Montar colchão de segurança
#2 Acumular capital para o fundo de recuperação
#3 Quitar as dívidas existentes
#4 Acumular capital para o fundo de recuperação
#5 Quitar as dívidas existentes
#6 Acumular capital para o fundo de recuperação
#7 Quitar as dívidas existentes
Infelizmente não existe mágica para resolver esse tipo de problema. Será um período difícil e complicado. Você provavelmente tentará desistir no meio do caminho … Mas lembre-se: você já sabe como as coisas são na vida atolada de dívidas. Acredite que a vida livre delas é infinitamente melhor e siga firme em seu propósito de voltar a ela. 😉
Espero ter te ajudado ! 😀
Abraços !