Aluguel de Ações – A distorção JCP
Tenho certeza que você já deve ter visto eu falando sobre alguns saltos no aluguel de ações serem causados por um JCP ( Juros sobre Capital Próprio ), acertei ? Se não viu … é porque é novo na área, hehehe. 😉
Os que viram, muitas vezes devem ter pensando “Mas que droga é essa ? O que isso tem a ver com o aumento na posição alugada ?”, acertei ? Não ? Pô … to errando muito hoje, melhor nem tentar operar. 🙂
Mas falando sério, você que ficou na dúvida de o que seria isso ou porque isso afeta o saldo de ações alugadas, encontrará no post de hoje as respostas para estas dúvidas. Tentarei detalhar ao máximo para sanar todas as dúvidas, ok ?
1- Como funciona o aluguel de ações ?
Não, não falarei sobre os detalhes de uma operação de aluguel de ações. Isso já foi falado em vários posts aqui do Clube, mas se você quiser refrescar a memória dê uma olhada no post “Como ganhar com ações quando o mercado cai ?“. Neste momento irei destacar apenas um aspecto do aluguel, a parte dos proventos.
Sempre que você realizar uma operação de aluguel de ações, será responsável também pela entrega dos valores que forem distribuídos na forma de proventos ao real proprietário da ação. Leia-se: Dividendos, Juros sobre Capital Próprio, direitos de subscrição … tudo quanto é tipo de bonificação que for distribuída deverá ser entregue a quem te aluguel as ações.
Certo, vamos olhar os dois tipos mais comuns de proventos, os dividendos e o JPC. Qual a principal diferença entre eles ? Quem falou IR acertou. O primeiro é isento de pagamento de Imposto de Renda, afinal já a grana já foi tributada antes ( na empresa ) e ela é limpinha de tributos. Já a segunda não, sempre que existe um JCP a dedução do IR é feita na fonte, a corretora retém. Mas … e ai que mora o segredo da coisa … as cotações são descontadas na íntegra !!
Então o que acontece ? As cotações têm um desconto total, enquanto o investidor e proprietário das ações recebe o valor líquido. ( o valor distribuído menos o que é cobrado de IR, neste caso 15% ) Por exemplo, se o JCP foi de R$ 1,00 por ação, o investidor receberá R$ 0,85 – mas a cotação terá o desconto completo, de R$ 1,00.
2- E isso é assim para todos ?
Não ! Simples assim …
Os fundos de investimento não precisam fazer o recolhimento do IR no momento em que o JCP é recebido ! Afinal o lucro deles não é calculado por operação, mas sim no momento em que um fundista requere um resgate. Portanto os fundos recebem de JCP o valor completo, recebem – no caso do exemplo – R$ 1,00. E é justamente este o artifício usado por eles.
3- Vamos aos gráficos de aluguel …
Dê uma olhada no gráfico abaixo, o que mais te chama a atenção ?
Não sei você, mas o que mais me chama a atenção são estes picos do volume alugado … consigo contar 6 deles. Um em março, outro no final de abril, mais um no final de maio, outro – um pouco menor – em junho, outro “violento” entre julho e agosto e o atual. E agora vem a parte interessante: Ao compararmos este gráfico com a agenda de pagamentos dos proventos da Petro, vemos algo interessante … neste ano tivemos JCP no final de abril, no final de maio e no começo de agosto. “Coincidência” … não ?
Sim meu amigo … os fundos usam essa estratégia em peso ! O aumento da posição alugada é enorme nos momentos em que houve JCP. Afinal este é um dinheiro que vem “fácil”, de “graça”. Você não gostaria disso ? 😉
4- Mas … eles venderam a ação … não foi ?
Não ! De novo ! 🙂
Eles só alugaram e deixaram na carteira, apenas esperando o dia em que a ação se tornou ex para devolver ao dono delas. Com isso ficar poucos dias e consequentemente o valor a ser pago de aluguel é muito, mas muito pequeno mesmo. ( lembre-se que uma ação como Petro e Vale vem tendo contratos anuais de aluguel na ordem dos 0,6% … imagine quanto custa ficar apenas alguns dias 😉 )
5- E como eu aproveito isso ?
Infelizmente não podemos aproveitar diretamente … mas se você acompanha a posição alugada, para ter mais um indicador de referência do mercado, saber que existem ocasiões onde essa posição fica distorcida é muito importante. Afinal uma má compreensão do indicador poderá te fazer tender a uma operação de venda, por exemplo.
No caso do gráfico acima isso fica bem claro, por exemplo, a última perna de alta na posição está ocorrendo junto de uma forte tendência de queda no papel. E esse é um aumento real na posição alugada. 😉
Bom, espero que agora tenha ficado claro e que nas próximas ocorrências você já esteja “vacinado”. 🙂