As vantagens e desvantagens de usarmos um sistema automatizado de investimento
Pergunta:
Quais são os prós e contras de um robô investidor e quais os mais indicados ?
Resposta:
Bom dia Jean,
Sistemas automáticos de investimento … A última moda do mercado financeiro !!
Mentira !! 🙂
Acredite ou não: os robôs já estão presentes no mercado há muitos e muitos anos. Lógico … atualmente a coisa é muito mais simples … mais “pessoal” … mas prática. Com o poder computacional que temos em nossas mãos, qualquer pessoa pode ter um sistema automatizado de investimento na palma da mão. (literalmente !)
Mas como disse, isso não é bem uma novidade …
Não sei precisar exatamente quando foi que se deu o início do uso destes sistemas automáticos, a memória não ajuda … hehehe
Mas me lembro de uma história bem interessante envolvendo o assunto:
Aconteceu, se não me engano, na década de 80, quando os computadores começam a ser usados com mais frequência dentro das corretoras. Sistemas que se propunham a determinar, automaticamente, os melhores pontos de compra e de venda de ações surgem e viram febre em Wall Street. Os investidores ficam maravilhados com o uso da nova tecnologia para esse propósito. Tudo automático, sem trabalho algum para eles. Que maravilha … Não ?
O sistema adota uma série de indicadores e uma enxurrada de dados (que se comparado ao que usamos hoje não seria absolutamente nada …), analisando-os, processando-os e nos entregando ordens claras de compra e venda. Compre isso! Venda aquilo ! Compra a tanto !! Venda a tanto !!! Simples e prático.
Era um milagre ! Envolvimento zero do investidor. O único envolvido eram os funcionários das corretoras, que tinham os programas sendo executados em seus terminais e viam na tela as ordens saltando. Não se esqueça que naquela época a tecnologia ainda era cara e praticamente inacessível … Praticamente ninguém tinha um computador em sua casa.
Os corretores viam a ordem surgindo na tela e executavam para os investidores que usavam a ferramenta. Era uma maravilha ! Muitos e muitos ganhavam dinheiro com aquilo. Uma festa só. 😀
Mas havia um problema … Os programas ainda eram simples, usavam regras ainda mais simples de análise e emitiam as ordens praticamente ao mesmo tempo. Ordens “massivas” de compra e outras tantas de venda. Todas ao mesmo tempo … Já consegue enxergar o que devia ocorrer. Não ?
Sim … Com tantas ordens ocorrendo ao mesmo tempo, a intensidade dos movimentos era ampliada pelas próprias ordens. Saltos para cima e para baixo eram vistos a “todo” o momento. Ou melhor, eram vistos na hora em que os sistemas avisavam da oportunidade de trade.
Até que os reguladores do mercado acabaram com a festa. Os movimentos tornaram-se muito artificiais e para evitar que aquilo permanecesse acontecendo, uma regra simples foi instituída: os robôs não poderiam mais funcionar dentro das corretoras. Eles não foram proibidos … mas dentro da corretora não poderiam mais funcionar.
Você queria ter um em casa ? Fique à vontade ! Você é livre. Mas …
Como dito, poucos tinham computadores em casa. Além disso, os que tinham, ao receber o comando de início de uma operação, “processavam” a informação. Ao receber a ordem, eles analisavam se aquele era realmente o melhor momento de entrar no trade. Pronto, era o que era preciso para acabar com a enxurrada de operações ao mesmo tempo.
Ao incluir um fator novo na equação, o ser humano, o lado emocional dos investidores afetava o sistema como um todo. O processo de decisão do investidor impedia a entrada, ou ao menos a retardava, possibilitando que a “festa” acabasse.
Uma solução simples e que apresentou um resultado (a meu ver) melhor do que o esperado. 😉
Voltemos para os anos 2000
O uso dos computadores se popularizou. Praticamente todos têm um em casa. O poder computacional das máquinas multiplicou-se em muitas vezes. Agora os negócios não precisam mais passar pelas corretoras, temos os homebrokers onde tudo acontece de forma virtual.
Não seria a hora de voltarmos com os tão queridos robozinhos ? 😀
É … eles voltaram. Mais poderosos do que nunca. Sistemas complexos, que levam em consideração dados, muitos dados. Uma – verdadeira – enxurrada de dados. Cotações, indicadores, movimentação de investidores específicos, volumes negociados, etc etc etc. Até mesmo a observação de determinadas figuras chave, no twitter, bem como o teor de suas mensagens, são levadas em consideração por algumas ferramentas. Tudo é analisado. Tudo tem um peso na hora da decisão.
Para ajudar, com o poder computacional adquirido, eles ganharam velocidade. Já ouviu falar de High Frequency Trading ? São operações rápidas, curtas, em GRANDE volume, que tentam tirar proveito de movimentos do mercado. Tudo de forma automática. Tudo orquestrado pelos robôs …
Volta e meia vemos um movimento de maior intensidade acontecendo por causa deles. Logo após o Brexit vimos uma queda de aproximadamente 6% na Libra, movimento creditado a um robô que analisou o evento de forma rápida. (ou equivocada ?)
Vantagens e desvantagens dos robôs
Mas quais são os prós e os contras do uso de robôs em suas operações ?
A favor:
– velocidade no reconhecimento de padrões e na análise de indicadores;
– tomada de decisão sem a interferência do fator humano;
– permite a análise conjunta de inúmeros ativos ao mesmo tempo;
– sistemas automáticos que não exigem a presença do investidor
Contras:
– determinados eventos podem influenciar o resultado da análise de uma maneira não proporcional ao evento ocorrido;
– a experiência do investidor dificilmente consegue ser traduzida para a linguagem da máquina;
– determinados sinais surgem de forma tão rápida que impedem uma análise mais profunda dos mesmos
Sinceramente ? O uso de um sistema 100% automático, onde o próprio robô é o responsável pela análise, início e fim de uma operação, não me agrada …
O sistema analisar e lhe apresentar uma “direção” ? Sim … você será capaz de analisar, aplicar o conhecimento e experiência já adquiridos e tomar uma decisão em relação à validade da indicação.
Já outros defendem justamente o oposto: envolvimento zero. Emoção zero !
Com o uso de regras claras, tanto em relação ao tamanho do patrimônio envolvido em cada operação, a definição de STOPs, etc etc etc … Por que não ? É mais uma ferramenta … É mais um item que pode ajudar em nossas análises. 🙂
Espero ter lhe ajudado ! 😉
Abraços !