Colunistas ||| A onda da Educação Financeira
O tema Educação Financeira está na moda. A cada dia vemos mais e mais pessoas interessadas em literatura, palestras, eventos e encontros sobre finanças pessoais. Recentemente participei da segunda edição do Investcamp, em São Paulo, um evento descontraído onde as pessoas podem opinar e debater abertamente sobre investimentos e finanças pessoais.
Percebi, no evento, um interesse muito grande por esse tema, principalmente entre o pessoal mais jovem, embora não faltasse, também, gente madura procurando por orientação e dicas sobre administração financeira.
Até mesmo os bancos estão lançando cartilhas e material digital orientando clientes (e também o público em geral) sobre o bom uso do dinheiro, certamente de olho na queda dos índices de inadimplência. Sim, porque o fomento à utilização descontrolada do crédito (cada vez mais fácil), que inicialmente gerava vultosos lucros pela rolagem das dívidas, agora começa a pesar contra as próprias instituições financeiras, sob a silhueta tenebrosa dos altos índices de inadimplência. Tenta-se traçar como que um caminho de volta, volta ao equilíbrio e ao bom senso no gasto daquele dinheiro “tão suado”!
Recentemente, lancei um livro intitulado “Pare de Viver na Corda Bamba”, em que trato desse assunto. O livro é um resumo de minha experiência na administração de minhas próprias finanças e no bom uso de produtos financeiros, que existem em profusão no mercado. O uso de tais produtos pode ser benéfico, mas precisa ser comedido e sempre carece de um bom planejamento.
Dias atrás eu conversava com um amigo, que é professor na rede pública de ensino, e ele me dizia que o governo do estado (de São Paulo) já planeja incluir a disciplina Educação Financeira como matéria obrigatória no ensino médio. Acho louvável a iniciativa de incluir a nova disciplina cuja falta, na grade atual, critico já nos primeiros capítulos do meu novo livro, por sentir que realmente nos falta esse preparo técnico para administrar nossa vida financeira pessoal.
Um dos fatores que vem preocupando economistas e autoridades internacionais a respeito do crescimento econômico que o Brasil apresenta é, justamente, o despreparo da população para transformar esse crescimento econômico em desenvolvimento sustentável. Se consumirmos, em bens perecíveis, todo o excedente de receita que viermos a produzir, não construiremos riqueza, apenas desperdiçaremos nosso potencial de desenvolvimento. E isso vale também para os gastos do governo.
Nesse sentido, ainda falta ao brasileiro o hábito da boa administração financeira, a habilidade para maximizar o uso de recursos, a inclinação para a poupança e o planejamento para investimentos e ampliação de patrimônio. Não sonho com uma nação de milionários (isso nem seria possível), mas com uma população financeiramente consciente e capaz de gerar certo grau de prosperidade, obtida por meio do salutar hábito da poupança direcionada ao patrimônio.
O momento é altamente propício para iniciar esse aprendizado. Assim, podemos nos valer dessa etapa de crescimento, que pode nos levar a ocupar o lugar que realmente merecemos no cenário internacional.
Carlos Alberto Debastiani é empresário, investidor e autor dos livros “Candlestick”, “Análise Técnica de Ações”, “Avaliando Empresas, Investindo em Ações” e “Pare de Viver na Corda Bamba“.