Você certamente já ouviu de parentes ou amigos mais velhos que imóveis são um excelente investimento e uma das melhores formas de constituir patrimônio com segurança. Realmente, o investimento imobiliário mostrou-se eficiente durante a turbulenta época da alta inflação, em que o mercado financeiro era pouco confiável e imóveis passavam ilesos pelas quebras de mercados. Quem cautelosamente comprou ou construiu sua propriedade percebeu, após algumas décadas, que a propriedade não só se valorizou muito como passou a ser a segurança de famílias que não pouparam para o futuro.

Porém, não se pode desprezar o fato de que os imóveis valorizaram-se principalmente em função do crescimento das cidades sobre as zonas urbanas brasileiras. Hoje, muitas cidades têm seu crescimento estagnado ou saturado, prejudicando a qualidade de vida de seus moradores e limitando a valorização em muitos bairros ou regiões. Investir em imóveis deixou de ser uma opção tão simples e de lucro certo. Quem não fizer boas escolhas pode adquirir uma propriedade em um bairro decadente e ver seu investimento perder de longe para alternativas populares como a renda fixa.

Para investir bem em imóveis é preciso, primeiramente, aprimorar sua pesquisa. Isso envolve visitar boas imobiliárias e pesquisar o plano diretor das cidades, descobrindo quais regiões tendem a receber mais melhorias. Também não basta comprar e sentar à espera de valorização, alugando o imóvel para obter renda. O ideal é ter uma postura ativa, rastreando oportunidades entre lançamentos ou vendedores apressados e contando com um bom corretor para revender a propriedade com lucro. A compra de imóvel na fase de lançamento, a chamada compra “na planta”, já é uma escolha com boas perspectivas de ganhos, pois a valorização durante a fase de construção chega a superar 50% do valor de aquisição, em alguns casos. Obviamente, é preciso atentar para o risco típico de uma obra, com boa seleção da incorporadora e da construtora.

Outro passo importante para o bom investimento em imóveis é perceber que seu enriquecimento depende essencialmente da acumulação de ganhos sobre ganhos. Não será uma boa escolha que o tornará rico, mas sim uma seqüência de boas escolhas que envolvam a arte de comprar barato e vender caro. Se você, prudentemente, reinvestir todo o valor de uma boa venda em outra oportunidade, estará criando os famosos juros sobre juros: quanto mais investir, maior o lucro. É a receita certa para o enriquecimento.

Assim, como em qualquer investimento, a orientação de especialistas é bastante objetiva: informe-se, invista com conhecimento de seus riscos e, ao revender, busque novas alternativas para reinvestir seu capital inicial e também os lucros. A vantagem que o investidor tem hoje é o fato de termos não só uma oferta maior de crédito – o pagamento de juros pode valer a pena se for por pouco tempo e para adquirir um imóvel bastante rentável – como termos também a possibilidade de investir com pouco dinheiro, através de fundos imobiliários. Este crescente mercado de fundos já permite a investidores com menos de R$ 1 mil disponíveis investir em cotas de grandes projetos.

Um erro a ser evitado é a idéia de considerar que a compra de sua moradia é um investimento. Por mais que o imóvel em que você mora tenha boas perspectivas de valorização, você dificilmente usufruirá dessa valorização, a menos que venda seu imóvel. Mas é mais provável que você o venda para comprar outro maior – e mais caro – do que optar por alugar sua moradia no futuro com parte dos rendimentos obtidos da venda de sua antiga casa própria. Se for para optar pelo aluguel, que seja em uma primeira fase de sua construção de riqueza, como um passo para adquirir o conforto de morar naquilo que é seu. Um dia, você irá querer ter aquilo que possa ser chamado de seu “cantinho”.

Gustavo Cerbasi – é professor dos MBAs da Fundação Instituto de Administração e autor dos livros Casais Inteligentes Enriquecem Juntos e Filhos Inteligentes Enriquecem Sozinhos (Ed. Gente).