Parabéns, você acaba de ser contratado para um novo emprego onde o seu salário será de R$ 5.000,00 por mês.

No momento da contratação, seu futuro chefe propôs lhe pagar o salário de um ano em uma única parcela, que poderá ser no primeiro dia de trabalho ou assim que completar um ano na empresa. Nas duas alternativas o valor é de R$ 60.000,00 (12 x R$ 5.000,00). Qual das opções você prefere?

Receber hoje ou somente daqui um ano? Parece óbvio, não é? Por que esperar um ano para receber algo que pode ter hoje? Mesmo que não haja necessidade de utilização do dinheiro, o correto é receber sempre o mais breve possível e investir o capital.

Este é o conceito do valor do dinheiro no tempo. Para que o chefe torne esta proposta atraente aos seus funcionários, deverá oferecer um valor maior como salário no final do ano, por exemplo: R$ 70.000,00 ou R$ 80.000,00.

Quanto maior o valor pago no final do ano, mais adeptos ele irá conquistar, dispostos a esperar um ano para receber.

Os trabalhadores sabem que poderiam investir o seu salário e obter ganhos em seu investimento, sem contar que eles têm preferência em consumir hoje em relação a consumir no futuro. Além de tudo isso, deverá ser incorporada a inflação nessa expectativa, afinal de contas os preços tendem a aumentar. Será que os R$ 60.000,00 de hoje possibilitariam comprar os mesmos bens daqui a um ano?

Sabendo tudo isso, fica difícil entender como o consumidor ainda aceita o velho golpe de “parcelamento sem juros”. Do ponto de vista financeiro, isso não existe. Inaceitável uma empresa vender um produto à vista ou parcelado pelo mesmo valor. Além de todos os fatores apresentados acima, a empresa tem custos maiores na venda a prazo e necessitará de recursos para repor a mercadoria vendida. Este adiantamento das prestações a serem pagas pelos clientes, é oferecido pelos bancos mediante a cobrança de uma determinada taxa de desconto sobre o valor adiantado, aumentando assim, ainda mais os custos da empresa.

Vejamos um exemplo:

Uma empresa que oferece um produto por R$ 1.000,00 à vista. Existe a possibilidade de adquiri-lo por 4 parcelas mensais de R$ 250,00. Neste caso, não irá receber R$ 1.000,00 por este produto, pois terá despesas na antecipação das parcelas. Supondo que o valor liquido recebido do banco pela antecipação das 4 prestações seja de R$ 920,00, concluímos que esta empresa poderia vender este mesmo produto à vista oferecendo R$ 80,00 de desconto, ou seja, o valor pago para o banco para antecipar as parcelas (R$ 1000,00 – R$ 920,00).

Então, o que é o parcelamento sem juros? Uma grande desculpa que as empresas utilizam para não conceder descontos nas compras à vista. Não aceite facilmente essa alternativa oferecida pelas lojas. O preço de uma mercadoria à vista deverá sempre ser inferior ao preço dela a prazo. Ao comprar uma mercadoria e efetuar o pagamento à vista exija desconto! Se o vendedor disser que não pode dar desconto e lhe oferecer a possibilidade de “parcelamento sem juros” vire as costas e procure outra loja. Lembre-se de que é você quem está pagando!

Edgar Abreu é mestrando em Economia pela UNISINOS – RS, graduado em Matemática Licenciatura pela PUC-RS, com especialização em Educação a Distância pelo SENAC-RS e especialização em Finanças pela UFRGS. Possui as certificações da Anbid CPA-10 e CPA-20 e também a certificação de Agente Autônomo de Investimento, concedida pela ANCOR. Professor de cursos preparatórios para certificações e concursos públicos no curso Equipe-Exclusiva, em Porto Alegre. Ex. funcionário do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, atualmente trabalha como consultor de finanças pessoais e leciona nos cursos de preparação para certificação da Anbid. (www.certificacaoanbid.com.br)

Nota do Site:	Certificação Anbid CPA-10 Edgar Gomes de Abreu | Marla Fernanda Caumo de Aguiar Ano: 2009 Edição: 1 Número de páginas: 208 Acabamento: Brochura Formato: Médio