Explique tudo nos mínimos detalhes … e me irrite profundamente !
Sabe quando você entra em contato com uma pessoa, seja pessoalmente, ou por telefone, para falar sobre um determinado assunto, ou para tirar uma dúvida (normalmente específica) e na hora dela falar poucas palavras se transforme em sentenças enormes, que parecem não ter fim ? Em muitos casos a pessoa parece estar tentando lhe explicar a teoria da relatividade, apenas para dizer que o seu cliente ligou para agradecer pelo serviço prestado ?
Sim … Muitas são as pessoas que têm este problema. Sim, na minha opinião isso é um problema …
Coisas que poderiam ser ditas de imediato, precisam dar um volta enorrrrrme até chegar ao ponto que realmente interessa. Tempo perdido ? Imagina … !! Todos têm disponível todo o tempo do mundo, ninguém tem nenhum tipo de responsabilidade, nem estamos inundados em um universo de informação e necessidades. Quem sabe, no início do século passado, quando as pessoas não tinham acesso a praticamente nenhum tipo de informação, onde um dedo de prosa era o máximo de diversão e entretenimento que grande parte da população tinha acesso, lonnngas descrições de pequenos detalhes fossem itens fundamentais para a compreensão de um tema, esse tipo de comportamento fosse interessante/necessário. Mas hoje ?
Não sei se você consegue visualizar isso, mas imagine que você precisasse falar sobre algo que viu na casa da sua Tia para um amigo: “Ah, vi uma coisa lá na casa da minha Tia, que mora em Xanxerê, interior de Santa Catarina, que fica perto de Chapecó, extremo oeste catarinense. A Tia que tô falando é aquela que é casada com aquele Sr que se formou em engenharia na capital, ele trabalha com construção de chaminés para os fornos das fábricas de telhas da região. Pois então, vi na casa dela uma coisa na cozinha, precisava ver que cozinha legal, enorme, bem arejada, bem iluminada, com um belo fogão a lenha, que me deixou completamente doido ! Mas doido de verdade, pirado completo, sabe ? Uma lagartixa preta !!” …
Acho que você conseguiu entender. Custava falar: “Cara, vi uma lagartixa preta esses dias !” Até poderia incluir na informação que foi na casa da minha Tia, que ela mora no interior, etc etc, mas só se houvesse interesse por parte das outras pessoas que estivessem participando da conversa. Sair vomitando informação sem necessidade ? Pra quê ? 😯
“Tu és assim por ser da área de exatas !”
Essa é justificativa que mais ouço. Por atuar em um mundo onde tudo se resume a dados e lógica, dizem que eu que sou o errado. Que quanto mais detalhes tivermos, em qualquer tipo de conversa, melhor será para criar um “relacionamento” entre os envolvidos. Será mesmo ?
E se eu disser que conheço muita gente desta área que fala mais do que o homem da cobra ? Não por falar propriamente dito, mas por falar no sentido que estou tentando descrever. Falam, falam e falam, sem conseguir chegar a lugar nenhum. Dando voltas e voltas até entregar a tão preciosa informação.
Acredito até que existam situações onde este tipo de interlocutor tenha grande validade, justamente naquele momento em que estamos estabelecendo um relacionamento (de amizade ou conjugal) e que desejamos saber tudo sobre a outra pessoa. Cada detalhe é importante, cada pedacinho de história faz diferença. Mas adotar este tipo de atitude no dia a dia ? Para falar sobre coisas simples, para passar informações importantes ? Acho que não é o melhor caminho …
Pense numa empresa, onde os sócios aguardam ansiosamente pelo desfecho de uma reunião de negócios, onde um integrante da equipe esteve presente. Os sócios precisam obter as informações recebidas nessa reunião para dar prosseguimento aos trabalhos. Quando sentam para conversar, a pessoa que tem as informações começa contando quem estava na reunião, quanto tempo cada um se atrasou, o que fizeram no final de semana, etc etc etc, até chegar na informação tão aguardada que permite voltarem aos trabalhos. Um pouco complicado não …
Não sabem eles que o excesso de informação pode acabar “mascarando” o que realmente importa ? Com a chuva de histórias, palavras e detalhes, a parte que realmente importa do que foi dito pode acabar passando desapercebido. O pior, é que isso acontece na maioria das vezes. A pessoa fala, fala e fala. Quando ela termina eu digo: “Resumindo, o que tu queria falar … ? ”
Ou sou só eu ?
Ok … Pode ser que seja algo meu. Um erro. Um problema … Uma falha no meu sistema que não suporta esse tipo de coisa e que quer poder partir para a ação, por a mão na massa o mais rápido possível. Ou não ?
Pelo o que vejo, pelo o que leio, acredito que não seja …
Lembro que enquanto lia o livro “Obrigado pela informação que você NÃO me deu !” fiquei feliz ao ver que o tema era abordado. Exatamente pela mesma ótica que a minha. 😀
Mas fiquei ainda mais feliz ao ver que importante figura histórica tinha uma atitude parecida. Quer você concorde com suas atitudes, ou não, foi destaque em sua área, e figura nos anais da história. Napoleão.
Como General, ele primava por informações concisas e que não fossem floreadas. Por exemplo, em mapas de regiões onde o que lhe importava eram as informações sobre as estradas e montanhas da região, possibilitando saber se era uma região que pudesse ou não ser transposta, todo e qualquer detalhe “extra” se tornava irrelevante. Especialmente o exagero no detalhamento gráfico …
Aquele mapa específico servia apenas de guia, apresentando a possibilidade, ou não, de se adotar um determinado caminho. Se o General tivesse interesse, haveria outro mais detalhado que lhe mostraria todas as características da região, etc etc.
Mas me diga …
Você também é assim ? “Curto e grosso“.
Ou é dos que prefere dar uma volta enorrrrme para chegar no ponto final ?