Investimento atrelado à inflação, sem volatilidade e de alta liquidez. Isso existe ?
Pergunta:
Olá !
Estou gostando muito dos artigos do site.
Comecei a aprender sobre investimento e estou pensando numa situação ideal para meu caso. Queria te pedir então um conselho como educador financeiro para resolver um problema que ainda não descobri alternativas ou que não consegui identificar a mais adequada.
Quando você tem um determinado valor (R$ 23.000) parado no banco e quer investir para se proteger da inflação, só que não pode realizar depósitos mensais em uma determinada aplicação (por motivo maior;desempregado), mas ainda pretende ter uma alta liquidez para resgatar, qual seria a melhor opção ?
Obrigado
Resposta:
Bom dia Lucas,
A resposta que tenho para lhe dar pode não ser das melhores … 🙁
Infelizmente não existe um investimento que apresente todas as características desejadas. Não existe nada no mercado que atenda a tríade: “atrelado à inflação, sem volatilidade e de alta liquidez”. Seria perfeito se existisse, mas não é a realidade … Você precisaria abrir mão de algum destes pontos. Todos juntos, nada feito.
Por exemplo: temos os títulos do Tesouro Direto IPCA, que são corrigidos pela inflação + uma determinada taxa de juros (oferecida na hora da compra) e com liquidez diária. Porém estes títulos apresentam volatilidade no seu valor no momento do resgate, caso ele ocorra antes do vencimento. A volatilidade funciona para os dois lados. Você pode ter a sorte de ver seu título valendo mais do que na hora da compra, ganhando dinheiro com isso (além da rentabilidade obtida até aquele dia), mas também poderá perder dinheiro, caso ele esteja sendo ofertado por um preço mais baixo do que o pago.
Outro exemplo: CDB IPCA, são aplicações em CDB, oferecidos pelos bancos, que funcionam de forma parecida com o Tesouro Direto IPCA. Oferecem rendimento real (IPCA + juros), mas só podem ser resgatados no dia do vencimento dele. Você escolhe o “prazo de validade” do CDB na hora da compra, 2, 3, 4 anos. Ganhará a rentabilidade prometida até o dia do vencimento. Mas por outro lado, só poderá resgatar o dinheiro nesta mesma data. Portanto, sem liquidez.
Esta é a batalha de quem entra no mercado: encontrar uma aplicação que atenda ao máximo de nossas necessidades, pesando quais são os pontos mais importantes e quais podemos abrir mão. Tudo ao mesmo tempo ? Isso não existe …
No seu caso, acredito que devamos priorizar o fator liquidez. Portanto, investimentos que tenham esta limitação estarão descartados. Você não pode correr o risco de precisar da grana e ela ficar presa na aplicação. Concorda ? Este dinheiro estará lá para ser usado em caso de emergências. No caso será usado até que você encontre uma nova posição no mercado de trabalho. Precisamos que o dinheiro fique 100% disponível até lá.
Outro ponto que precisamos garantir é a manutenção do valor aplicado, não podemos correr o risco de perda do valor “base” do dinheiro aplicado. Você conta com aquele dinheiro. Você precisa dele. Se tiver menos dinheiro na conta, do que você precisa … como fará ? Portanto, nada que seja do tipo “renda variável” poderá ser usado. Com isso eu descartaria o uso do Tesouro Direto.
Sobrou o lado proteção contra a inflação. Só que vimos que os investimentos atrelados a ela não conseguem oferecer os outros pontos de nosso interesse. Então como proceder ? Que tal um investimento que ofereça um bom retorno, quando comparado ao CDI ? (que é praticamente o valor da taxa SELIC)
Sim, a minha sugestão é essa. 🙂
Você precisa encontrar algo que ofereça uma rentabilidade superior a 100% do CDI, para o caso de um CDB, ou superior a 86% para LCI e LCA. Existem aplicações desse tipo que são ofertadas a valores próximos de 120% do CDI (para CDB) e de 100% do CDI (para LCI e LCA). O único “porém”, e que é de fundamental importância, é que estes investimentos tenham liquidez diária. De preferência, aplicações que ofereçam resgate em D+0. Isso é, que ao enviar a ordem de resgate, o dinheiro já seja transferido imediatamente para a sua conta.
Ok … Ok … Ok … Talvez uma aplicação com resgate D+1 – dinheiro na conta no dia seguinte ao pedido de resgate – atenda às suas necessidades, precisando apenas de um planejamento básico da necessidade do dinheiro. O problema seriam gastos surpresa (de verdade), emergenciais.
Você encontrará este tipo de aplicação em bancos “menores”. E o risco de ver o banco quebrar ? O FGC nos protege até R$250 mil. 😉
Não estaria 100% protegido contra a inflação, mas teoricamente a taxa de juros subiria, acompanhando o índice, tentando combater esta elevação. Tentando conter o apetite do dragão.
Espero ter lhe ajudado ! 🙂
Abraços !