Livros ||| O ator
Acho que a primeira coisa que aprendemos ao nascer, é a atuar.
Precisamos de atenção, precisamos chamar a atenção. E nada melhor do que fazer isso através das emoções de quem está do nosso lado. 😉
Seja despertando a preocupação, através do choro. Ou da alegria, através de um sorriso. Ou ainda, da satisfação, somente ao nos contemplar dormindo. 🙂
Claro … Inicialmente, tudo ocorre da forma mais natural possível. Dos dois lados, ator e plateia apenas reagem aos eventos. Mas com o passar do tempo, aquele bebê cresce, e começa a entender o jogo da vida. Começa a perceber o quão poderosas são as ferramentas que tem em mãos, e começa a usá-las a seu favor.
Por mais insuportável que seja uma criança fazendo manha, gritando, chorando, se esperneando, ao desejar algo, aquilo nada mais é do que ela atuando, para tentar obter aquilo que quer. Ela aprendeu, desde cedo, que ao fazer aquilo conseguia o que queria/precisava, e com o passar do tempo foi evoluindo a ferramenta até se tornar profissional naquilo.
(alguns pais aceitam o convite da peça …)
Ao crescer, as necessidades mudam, e as atuações também. Além de apenas servirem para conseguir o que desejam, passam a ser usadas também para que sejam aceitas nos grupos que fazem (ou desejam fazer) parte. E não adianta dizer que você nunca fez isso … Pois já fez. Disse que gostava (ou não gostava) de algo, só para chamar a atenção daquela pessoa que gostaria de “conhecer melhor“. 😉
Mas acho que em toda a história humana, não vimos nada parecido com o que vivemos atualmente. Existe lugar onde as pessoas atuem mais do que o Instagram ? 🙄
Repare: lá, todos são felizes. Muito felizes ! Lá, todos são bem-sucedidos. Todos têm dinheiro, carrões, fazem viagens deslumbrantes, só comem nos melhores restaurantes.
É … O Instagram, na minha opinião, é o maior palco da história. A grande maioria apenas deseja mostrar aquilo que não é, para que os outros pensem que sejam. 🙁
(ou você acha que seja natural alguém tirar 400 fotos antes de publicar aquela que mais “agradou” ?)
Atuamos desde sempre. Mas na maioria do tempo, para não dizer em tempo integral, a maioria das pessoas atua para satisfazer e atender as solicitações da plateia. Elas deixam de lado aquilo que as levou a atuar: seus próprios desejos.
Em algum momento, a maioria perde o controle da coisa, e passa a atuar apenas para atender os desejos dos outros. (na mesma linha daquela atuação para entrar nos grupinhos, quando éramos mais novos)
Agrada os outros, mas ignora aquilo que realmente quer, aquilo que realmente precisa.
E pode reparar: quem “muda”, e reassume o controle da peça, é encarado com olhares atravessados por aqueles que ainda permanecem seguindo o antigo script.
Então, hoje, te proponho um exercício, que é apresentado no livro: se olhe no espelho. Atue para esse único expectador. O mais importante de todos. Repare nos detalhes, nas vontades, nos desejos dele.
Não, não estou dizendo para você se rebelar contra a sociedade e ir morar numa caverna. Mas sugiro que você comece a ouvir, a atender um pouco mais as necessidades desse carinha do outro lado desse vidro. No final das contas, é por ele que você aprendeu a atuar. 😉
Nota do Site: | O ator Don Miguel Ruiz Editora: BestSeller |