O aluguel de ações e o Rally do Impeachment. Há alguma relação nisso ?
Pois bem: estamos vivenciando um belo movimento de alta na Bolsa. Há tempos não víamos coisa parecida. Aproximadamente 30% de alta desde as mínimas de janeiro. E 30% de alta é 30% de alta … 😉
Muitas teorias, sobre o motivo desta alta, vêm surgindo: Rally do Impeachment, recuperação no preço das commodities, short squeeze no aluguel de ações … Quem é o verdadeiro responsável ? Isso será tema de um artigo que estou preparando para os próximos dias, mas já adianto que o motivo real (a meu ver) pode ir contra a opinião de muita gente. 🙂
Hoje gostaria de falar apenas sobre um ponto específico: o short squeeze que a elevada posição alugada estaria “criando” no mercado. Short squeeze, o que é isso ? Acredito que você esteja lembrado de um post onde falo sobre um boato que circulou no mercado, onde os fundos de pensão não renovariam seus contratos de aluguel (maiores fornecedores de papel a ser alugado do mercado), forçando os vendedores a comprar papel no mercado, para devolução, elevando o valor da cotação. Naquela ocasião o boato era somente com ações da Petrobras, uma tentativa marota, chapa branca, para elevar o preço da ação. Indico que leia o post para entender um pouco mais sobre o assunto.
Voltando. O short squeeze seria justamente isso: um movimento de alta, forte, forçado pelo movimento de compra das ações vendidas. Como o volume é alto, a força do movimento é grande e fora do padrão. O volume é alto e surgiria de forma “não natural”, se unindo aos que normalmente comprariam o papel. Se é para subir, isso faria subir muito.
Quão forte seria o movimento ?
Para você ter uma ideia, a posição alugada em PETR4 era de quase 350 milhões de ações. É ação pra caramba ! 🙂
Traduzindo isso para o dia a dia do mercado, seriam quase 4 dias de compra, exclusivamente voltados para a zeração destas vendas alugadas. A média diária do último mês é de aproximadamente 90 milhões de ações. Mas como dito, isso já é o movimento “normal” do papel. As pessoas que precisassem zerar suas vendas precisariam disputar as ofertas de compra com esse movimento.
Pode imaginar a força da catapulta, não ?
Então foi isso que vimos nas últimas semanas ? Pois vimos a cotação da PETR4 sair dos R$4,12 e vir até os R$8,27. Quase 100% de valorização em 2 meses. Sim, o valor da ação dobrou ! Portanto, o movimento foi culpa do short squeeze. Ponto final. Será ?
No dia 26/01 atingimos o “fundo do poço”. Foi nesse dia que atingimos os R$4,12. Naquele dia o aluguel de PETR4 estava em 287 milhões de ações. No dia 21/03, que foi quando chegamos aos R$8,27, o aluguel marcava 331 milhões de ações. 15% de alta na posição alugada. 😯
Não é estranho ?
Mas … não era de se esperar vermos uma redução do aluguel durante a escalada nas cotações ? Como foi que vimos um aumento, considerável, neste período ? Será que subimos o que subimos e os vendidos não se decidiram pela interrupção da operação, mesmo com toda essa alta ?
E eu digo: nós vimos uma interrupção no meio do caminho. No dia 16/02 vimos o aluguel sair dos 286 milhões de ações para a casa dos 260 milhões de ações no final do mês de fevereiro. Coincidentemente esse período marcou o início da arrancada nas cotações. Isso significa que vimos a cotação da ação dobrar, enquanto a posição alugada apresentou 30% de alta, e não os 15% dos “extremos”.
Pior ainda, não ?
A cada dia que passava eu abria o meu relatório de aluguel, na expectativa de ver uma diminuição na posição alugada. Pois com aquela arrancada, não existiam condições de vermos o vendidos não se mexerem … Mas a cada dia que se passava, a posição aumentava, mais e mais.
No mínimo estranho … Tudo bem que a venda começou (literalmente) com o papel na casa dos R$7,00. Até lá eles estavam tranquilos. Mas ele passou dessa cotação, e passou com gosto. Além disso, como vimos, o aumento na força da venda aconteceu justamente enquanto a cotação subia, portanto o preço médio deles está lá embaixo …
Estariam os vendidos zerando a venda, mas sem devolver o papel ? Apenas para “mascarar” este evento ? Está é uma possibilidade, afinal de contas, muitas são as pessoas que estão acompanhando este dado, aguardando alguma dica vinda dele, e os vendidos, fortes que são, não dariam um mole desses …
Ou então eles estariam aguardando uma correção nas cotações, para ai sim zerar a venda ? A correção veio na semana passada … Quase 15% de queda entre o topo, os R$8,27, e o fundo nos R$7,32. Portanto …
E o pior ? Zeraram na semana passada ! A diminuição foi considerável e em praticamente todos os ativos, não se resumindo somente à PETR4. A queda na posição alugada foi considerável, saindo de 335 milhões, no dia 22, para 308, no dia 24. Estariam os vendidos jogando a toalha e aceitando, definitivamente, que agora vamos para cima ?
Surgiu algum elemento novo na semana passada, que interrompeu a correção e que fez com que estes vendidos finalmente apresentassem um movimento de devolução do aluguel ? Como os dados do aluguel estão disponíveis com 3 dias de atraso, teria sido o dia do vencimento das opções o dia D ? Se somente agora foi dado início ao procedimento de encerramento na operação vendida, podemos esperar outra explosão nas cotações ? Se for isso mesmo … 😯
Os próximos dados do aluguel poderão reforçar, ou descartar, esta teoria. E claro que estaremos de olho nisso. 😉