O exercício antecipado de opções da semana passada …
Estava eu pensando cá com os meus botões sobre os motivos que levariam o mercado a um exercício – em massa – antecipado de opções da PETR4. Foi impressionante (comentei sobre o fato no Aluguel de ações do dia 03/04), toneladas e mais toneladas de opções sendo exercidas, e os vendedores correndo para “tapar o buraco”, afinal nem todos (era uma minoria) estavam cobertos.
Foi uma verdadeira maluquice, o pessoal que trabalha nas salas de ações das corretoras diziam que o movimento daquele dia se assemelhava a um dia de exercício, dos bons. O porém é que isso aconteceu quase 3 semanas antes … 😯
O que teria levado o mercado a fazer isso ?
Pensa daqui, pensa dali, reflete, analisa, e com alguns (poucos) dados em mãos cheguei a uma conclusão, ainda “precipitada”, mas possivelmente verdadeira: a antecipação do exercício ocorreu pelo mesmo motivo que cria a distorção do JCP.
Como já falei várias vezes aqui no Clube, o aluguel das ações sobe “exageradamente” às vésperas da distribuição de juros sobre capital próprio pois determinados tipos de fundos de investimento têm uma vantagem tributária que o investidor pessoa física não tem, eles não precisam recolher o imposto de renda (de 15%) direto na fonte. O IR destes fundos é recolhido apenas no momento do resgate da aplicação, com isso o fundo pode trabalhar com estes 15% “extras” durante algum tempo, aumentando a rentabilidade da carteira.
Ok, até então o mercado “conhecia” apenas esta possibilidade, pois até então nunca havia visto movimento semelhante ao da semana passada, somente o aluguel de ações trazia benefícios com o JCP. Mas … alguém se tocou que não, que opções dentro do dinheiro – ITM – também poderiam apresentar tal vantagem.
O que me chamou a atenção foi o fato das ITM apresentarem 5 centavos “abaixo” do valor da ação. Exemplo, a PETRD14 valia R$2,43 enquanto o a PETR4 R$16,48. O “correto” naquele momento era vermos a opção com 10 centavos de gordura, valendo aproximadamente R$2,58. Portanto, a opção valia … 15 centavos “a menos”.
De quanto foi o JCP mesmo ? R$0,97 e uns quebrados. E o IR sobre o JCP ? Aproximadamente … 15 centavos.
Sim, tudo leva a crer que “desenvolveram” mais uma ferramenta (ao menos nunca tinha visto sendo usada, muito menos no volume usado) para aproveitar uma brecha tributária em favor dos fundos.
Como funcionaria ?
O fundo “participante da estratégia” exerce a opção ITM, recebe a ação correspondente e a vende no mercado, ainda cheia. No dia seguinte (ou nos seguintes …) compra a ação que havia vendido, embolsando os 15% de IR que “teria direito”.
Lembre-se que o JCP é retirado integralmente da ação, enquanto da opção é retirado – do strike – o valor já com o IR (de 15%) descontado.
Qual a lição a ser tirada ?
No rol de itens que olhamos para tomarmos as nossas decisões, deveremos incluir mais este item:
– está operando opção ITM na venda ?
– está “bem” ITM ?
– tem previsão de distribuição de JCP – que fique claro que é só JCP … – ?
Respondeu sim às 3 perguntas ? Fique atento … pois a chance de você ver um exercício antecipado em sua carteira é grande.