Pergunte ao Pai Rico ||| 180
Pergunta:
Olá! sou Elisângela, dona de casa, 31 anos, e nunca fiz nenhum curso sobre matemática financeira, ou qualquer coisa que envolva matemática (só metrologia).
Sabe, tenho passado por uma fase bem diferente em minha vida, e vou explicar qual é minha dificuldade com relação a marcar todos meus gastos e ganhos…
O fato, é meu marido é eletricista, e seus ganhos são completamente irregulares…pra variar, ele agora entrou como sócio num negócio, que é ainda mais instável..quando um vendedor vende o produto a alguma indústria, demora de um a três meses pra eu ver o dinheiro, mas a quantia geralmente é boa…as vezes dá pra garantir dois a três meses em reserva considerando todas as contas comuns e comprar algumas roupas, sapato e outras coisas (que normalmente já é mais que necessidade) e material para construção, já que estamos construindo (aliás,moramos na construção)…
Já reclamei da instabilidade do ganho…nunca consigo organizar uma “intenção de gasto” para o mês, pois normalmente o mês acaba ficando cheio de surpresas. Como me irrita não saber quanto iremos ganhar…e quando isso vai acontecer!
Aí, de repente eu tive uma idéia…(que nem sei se é uma boa idéia)…
Estou pensando de fazer assim:
No próximo dinheiro que entrar,pagamos as contas do mês, e reservamos para 2 meses (já que meu marido ainda faz alguns serviços de elétrica aos finais de semana), e o restante do dinheiro,penso em dividir em 12 meses,assim terei um pouquinho de dinheiro certo por mês.Nossa conta mais perigosa, é a parcela de um carro, mas com esses bicos de elétrica, normalmente dá para cobrir. Então planejo fazer assim:
Se recebemos em Dezembro, tiro 1+2 meses (se for possível, claro), e divido o resto em mais 12..
Se em Março entrar dinheiro de novo, acredito que o dinheiro da elétrica já tenha dado o valor quase total das contas de Março, então pagamos o resto de contas que ainda tiver, mesmo se estiverem atrasadas, pagamos elas, e dividimos em 12 meses (caso o valor das parcelas do mês de Dezembro tenham alcançado um valor bom, que, somando a essa nova repartição me garantam pelo menos as contas mais conhecidas) senão, reservamos 1+1ou2 meses de novo, e assim por diante, na intenção de estabelecer um ganho mensal. O que vocês acham disso? Tem alguma dica preciosa para me ajudar?
Resposta:
Boa tarde Elisângela,
Para que você saiba, esse problema é mais comum do que muita gente imagina … Todos que são autônomos, estão sujeitos a essa incerteza. (quem não tem um salário garantido no final do mês …)
O problema de não saber quando a grana virá, ou ainda pior, se virá, pode acabar tirando o sono de muita gente. Mas se o problema é apenas em relação ao fluxo constante, e não se vai ter dinheiro ou não (pelo o que você falou o problema é esse, pois o dinheiro vem, mas “quando ele quer”, certo ?), o uso de um belo colchão de segurança pode ser a forma ideal de superá-lo. Leia o post que acabei de indicar, ele será fundamental para a compreensão da “solução” proposta.
Leu ? Então vamos continuar. 🙂
Com o colchão de segurança formado o problema de fluxo mensal é solucionado, afinal ele sempre terá o valor necessário para (ao menos) 6 meses dos seus gastos. Então vocês terão proteção para um caso extremo, onde não haja entrada pelos próximos 6 meses. De que forma saber exatamente o quanto gastar ? Isso será dito pelo seu controle de fluxo de caixa, se você faz o acompanhamento correto do que entra e sai do seu bolso saberá quanto gasta em média num mês. Claro, existem meses em que gastamos mais, por isso sugiro que você faça uma média do que gasta anualmente e com isso poderá determinar o valor mensal.
Vocês deverão se comprometer a manter neste colchão o valor de 6 meses de gastos. Usarão o dinheiro lá existente enquanto não vier do trabalho, mas assim que vier o primeiro “a ser pago” é o colchão, e assim deve ser feito até que o dinheiro que foi usado seja devolvido. Ok ?
Quando o colchão estiver cheio, a grana que sobrar poderá ser usada para suas compras “extras”. Não, claro que não. Uma parte desse dinheiro até poderá ser usado para essa finalidade, mas um bom percentual deverá ser destinado aos seus investimentos. (que é um dinheiro que “não poderá ser mexido” …) As compras extras só podem ocorrer quando o colchão está completo, o percentual para seus investimentos já foi recolhido e nenhuma dívida esteja em aberto.
Te aconselho dar uma olhada nos outros posts da série “Pergunte ao Pai Rico“, pois certamente te ajudarão em alguns pontos considerados importantes nesse “meio de caminho”. (pagamento de contas, quem pagar primeiro; se coloco no colchão ou pago a conta; se tiro do colchão ou deixo a dívida render juros …)
Sim, os primeiros meses serão os mais difíceis, afinal o colchão estará em formação. Mas você verá que após a conclusão a tranquilidade que ele irá te proporcionar fará ter válido a pena. 😉
Abraços ! Boa sorte !!