Clube do Pai Rico

Petrobras: entre o céu e o inferno …

Na semana passada as ações da Petrobras viveram o céu e o inferno, de perto, com poucas horas de diferença. Fomos do alívio extremo e confortante à dúvida inquietante e quase “vergonhosa”.

Começamos a semana com a notícia da saída de Graça Foster, notícia mais do que aguardada pela grande maioria dos que investem na empresa. Não que a saída em si viesse a ser a solução para os problemas da Petrobras, mas a esperança de que uma mudança na administração (presidência, diretorias e conselho de administração), com um grupo formado por profissionais e – acima de tudo – independente do governo.

A saída foi cercada por desmentidos, do lado do governo, e confirmações, de todos os lados. Acabou dando a lógica: “se o governo disse que é mentira, que isso não vai acontecer, é porque é verdade e provavelmente já aconteceu”. Graça saiu e ficaria no comando até o fim do mês de fevereiro. Algo estranho … e que acabou sendo mudado.

Fomos surpreendidos por uma carta de demissão “em massa”, de Graça Foster e outros 5 diretores. O barco estava sem seu capitão e ficaria à deriva até que um novo nome fosse apontado e assumisse o leme.

O céu

Foi o céu ! Vimos uma alta como não víamos há 16 anos, quase 16% de alta. A esperança de que agora a coisa seria diferente reinava. Foi agendada uma reunião do conselho para sexta-feira, onde o nome do novo presidente seria apresentado, bem como o dos novos diretores.

Mas nada disso importava, a expectativa era só uma: quando Meirelles assumiria ?

Era o sonho de muitos, agora com a saída de Graça o caminho estaria livre para que Meirelles, o queridinho das puxadas (ele foi usado como justificativa, “pelo mercado”, para muitas das puxadas repentinas nas cotações) assumisse.

Muitos davam isso como certo e aguardavam apenas o anúncio.

O inferno

Chegou sexta … e junto a surpresa de um anúncio antecipado. Esperávamos – ao menos eu … – que o anúncio do novo presidente ocorresse apenas no fim do dia, mas não … no começo do dia veio a surpresa em forma de bomba: Bendini assumiria a presidência da (até pouco tempo atrás) maior empresa brasileira.

Para quem não sabe, ele é ex presidente do Banco do Brasil. Quer ver como você sabe quem é ? Ele é aquele que concedeu um financiamento, com uma linha de crédito do BNDES, com taxa de juros muito abaixo da praticada normalmente pelo banco, para Val Marchiori, aquela do programa “Mulheres Ricas”. O empréstimo foi cercado de mistérios e problemas, como por exemplo ter como garantia de pagamento o valor que ela recebe de pensão alimentícia …

Pronto, queda forte. 7% de queda …

Motivo, a indicação de Bendine ? Ou a não indicação de Meirelles … ? Sim, a alta que vimos foi gerada pela expectativa da entrada de Meirelles, e não somente por causa da saída de Graça Foster. A queda veio principalmente pela não entrada de Meirelles.

O mercado é movido por expectativas futuras, e quando concretizadas, ou não, confirmam isso em sua cotação. É o bom e velho “Sobe no boato e cai no fato“, sabe ? A possível nomeação de Meirelles gerou tanta expectativa, trouxe tantas “esperanças”, que na hora que houve a confirmação do verdadeiro nome, deu no que deu.

A perda foi gerada mais por erro de quem botou muita fé neste boato (e olha que a coisa circulou, a quantidade de pessoas que garantiam Meirelles na presidência me impressionou), do que pelo nome que desagradou o mercado.

Não opere boatos !

Não seguir dicas, não operar boatos, faça sua própria análise, tanto da situação como dos gráficos …

Quem fincou raízes na certeza do Meirelles não ficou muito feliz com o final da história não …