Qual a importância da definição de metas para a sua saúde financeira ?
Pergunta:
Bom dia!
Acredito muito em estabelecer metas e as perseguir!
Em 2016 tive resultado bom, mas entendo que o mercado propiciou ganhos em títulos públicos, fundos imobiliários e opções, mas estou com dificuldades de estabelecer metas para meus investimentos em 2017.
Você estabelece metas de investimentos? Podes comentar ou indicar estudo sobre o assunto.
Desde já agradeço, Rogério
Resposta:
Bom dia Rogério,
Se eu estabeleço metas ? Se eu acredito em metas ? Se eu responder que não, estarei indo contra tudo aquilo que comento diariamente nos últimos 14 anos (tá quase !!). 🙂
A definição de metas, de objetivos a serem atingidos é primordial para quem deseja manter sua saúde financeira em dia, para quem deseja atingir a Independência Financeira. Para quem quer se distanciar da manada.
A definição de metas e objetivos é ponto obrigatório de qualquer planejamento financeiro. Seja para termos uma vida tranquila em relação ao dinheiro (sem dívidas, algumas reservas, algum investimento), ou para sermos financeiramente independentes.
Nada acontece por acaso. Nada cai do colo do nada. (ou melhor … até cai, mas sabemos qual é o destino de pessoas que receberam pomposas heranças, ou prêmios acumulados da loteria, e que não tinham nenhum tipo de plano antes disso acontecer)
São os planos que nos ajudam a seguir adiante, muitas vezes são eles que nos mostram o real motivo de abrirmos mão de uma viagem, da troca de um carro, da compra de um imóvel. E o que seriam dos planos sem um objetivo em si ?
Planejar sem a definição de um objetivo é sonho … O problema é que muitas vezes um sonho pode acabar tornando-se um pesadelo … 🙁
Você deve estabelecer metas em praticamente todas as áreas que envolvem as suas finanças: meta de rentabilidade para o ano, meta de valor a ser atingido no final do ano, meta de fluxo de caixa a ser conquistado, meta de enxugamento dos gastos de seu orçamento, meta do tamanho da dívida que tem, etc etc etc.
Ao termos um “alvo” temos algo a ser visto, lá na frente, para quando as forças começam a diminuir, para quando as coisas insistem em complicar. Enxergar o “alvo” dá um gás extra quando precisamos. 😉
Sem termos objetivos predefinidos, não temos um propósito real para seguirmos adiante. Se não temos um objetivo, qual seria a vantagem de deixarmos de adquirir/consumir algo hoje, em prol do futuro ? Se você não tem nenhuma meta para o futuro … está abrindo mão destas coisas por qual motivo ?
Meta de rentabilidade
Definir uma meta de rentabilidade para o ano que se inicia é ao mesmo tempo fundamental e um exercício de adivinhação. 🙂
Fundamental, pois ao saber quanto você deseja ganhar, você sabe quais serão as ferramentas de investimento que precisará adotar para chegar lá. Adivinhação, pois você não sabe exatamente se conseguirá conquistar a meta que definiu, nem tudo ocorre exatamente como queremos … 🙄
Por exemplo: se você define que quer obter um ganho mensal (médio) de 1,5% ao mês durante o ano de 2017, já sabe de antemão que não poderá focar na poupança, ou no Tesouro SELIC. Pode até usá-los, mas serão apenas parte de seu portfólio. Sabe que precisará adicionar alguns instrumentos que tragam a possibilidade de rendimento acima destes mesmos 1,5% ao mês, para levar a média geral para cima. Um pouco de Tesouro SELIC, um pouco de Ações, uma pitada de opções … Se fosse igualar a SELIC, bastaria comprar um Tesouro SELIC e pronto. Se fosse bater o IPCA, um Tesouro IPCA … e assim por diante.
Sabendo o quanto se quer, a lista do que pode (e às vezes precisa) ser usado surge. 🙂
Adivinhação, pois você não sabe se aquilo que almejou no começo do ano realmente se concretizará. Hoje a SELIC está em 13% ao ano, portanto o Tesouro SELIC paga 13% ao ano. Você acha que esse rendimento para o ano está bom. Mas e se a política de redução da taxa de juros permanecer firme e forte e tivermos uma taxa de 9,5% na virada do ano ?
E se ao incluir uma parte do patrimônio em ações para tentar elevar o ganho médio da carteira, você acaba reduzindo-a por causa de um mau ano da Bolsa ?
Planejando e acompanhando
Sim … é algo que precisamos lidar constantemente. O plano feito no começo do precisa de acompanhamento constante. Acompanhamento e possíveis ajustes … 😉
Você precisará acompanhar o desempenho da carteira, as mudanças do cenário, para ver se os tipos de investimento escolhidos, se a proporção adotada, se o rendimento da sua carteira mantém a rota imaginada. As coisas mudam do dia para a noite e você precisa corrigir a rota sempre que necessário. 🙂
Qual é o seu objetivo ? Bater o IPCA ? Bater a SELIC ? Bater o Ibovespa ? Ou é um número “aleatório”, tipo 2% ao mês ?
Existe alguma forma de saber a meta ideal ? Infelizmente não … 🙁
Somente com o passar do tempo, com o desenvolvimento de um histórico de resultados, é que você saberá até onde pode ir. Para quem está começando, bater a SELIC pode ser um ótimo alvo. Muitos gestores de carteira do mercado financeiro tem essa meta. E num país onde a taxa de juros é de 13% ao ano … acaba sendo um belo resultado. 😀
Basta você alocar grande parte (90%, 95%, por exemplo) do patrimônio em algo que te propicie perto de 100% do CDI, incluindo uma pitada de risco (ações, opções) com o restante … e “pronto”. Um pouco de estudo será preciso ? Claro ! Mas que lhe trará benefícios na mesma proporção. 😉
Para estabelecer a sua meta, olhe o histórico de sua carteira. Quanto dele foi “mérito seu” ? Quanto foi por pura e simples alocação tradicional ? Quanto foi por sorte ? Conhecendo esse tipo de coisa você terá munição para determinar o quanto pode atingir.
Espero ter lhe ajudado ! 🙂
Abraços !