Reserva para “bobagens” … Você tem ?
Conforme vamos tentando domar o orçamento doméstico (para muitos este é o melhor termo a ser usado …), certas barreiras vão surgindo e com elas uma aparente sensação de descontrole pode acabar tomando conta da situação.
Talvez você já tenha sentido isso na pele … Talvez não … Mas hoje falaremos sobre o “bobagento”, o monstro que aterroriza o orçamento de muitas famílias brasileiras.
O que eles comem ? Onde moram ? Como se reproduzem ?
Quer você queira, ou não, por mais controlado que você seja, gastos “fora do padrão” acabam surgindo em seu orçamento.
É aquela pizza de noite, o chopp com os amigos, um jantar com a patroa … Gastos que fogem do tradicional, que não podem ser categorizados como sendo “gastos fixos”, mas que volta e meia “insistem” em nos visitar.
Quem tem um orçamento mais folgado, e que não sente uma maior necessidade de apertar o cinto, acaba nem percebendo sua presença “incômoda” no recinto. Já para os que estão lutando contra a revolução vermelha … 🙁
Sim, os gastos “fora de hora”, “fora do padrão”, com “bobagens”, ou como você queira chamá-los, são grandes vilões do orçamento equilibrado.
Como evitá-los ?
Eu poderia dizer um “deixe de gastar” puro e simples. Mas isso teria serventia ? 🙄
São gastos deste tipo que muitas vezes servem como forma de descompressão da vida agitada que temos. O chopp com os amigos é o “pedágio” para termos um encontro com a galera e botar o papo em dia. Uma ida ao restaurante com a patroa serve para que os dois possam ter um momento a sós, podendo conversar livremente, sem que a rotina diária tome conta do papo, num ambiente diferente do tradicional.
Ok … você pode substituir todos estes casos por equivalentes sem custo algum. Mas … será mesmo necessário ?
Veja que esta “válvula de escape” acaba sendo barata em relação àquelas que muitas pessoas usam. Ou vai dizer que você não conhece ninguém que adora descontar sua frustração no cartão de crédito ? …
O “bobagento” é um monstro do bem, e ele pode e deve ser domado e não simplesmente evitado.
Por exemplo: ao invés de simplesmente dizer que você não vai gastar absolutamente nada com esse tipo de coisa, porque não estipular um valor mensal para ele ?
Sim, crie uma “cota bobagem” em seu orçamento mensal. Com valor fixo e determinado antecipadamente.
Estipule um gasto mensal de, digamos, R$150,00 para este tipo de coisa. Não especifique onde irá gastar esta verba, apenas estabeleça um limite mensal e reserve. Você poderá gastar este dinheiro da forma que quiser. Só precisará decidir quando e onde …
Outro problema …
Eu sei que para muitos o problema será justamente o de definir quando gastar. E isso só você poderá responder …
Num primeiro mês, tente priorizar o que for mais importante. Será a saída com os amigos ? Um cineminha ? Um restaurante ? Você decide. Só uma coisa não pode ficar por sua conta: o limite previamente estipulado precisa ser respeitado.
Determinou que gastaria R$150,00 ? Já gastou R$125,00 na primeira saída ? Não tem choro … só lhe restam outros R$25,00 para o restante do mês. E respeitar este limite será primordial para que a coisa funcione.
Muita gente não consegue e acaba jogando tudo para o alto, desistindo da estratégia. Provavelmente serão os que não têm controle algum sobre o orçamento e colocavam a culpa no corte dos gastos extras … Mas como se você teve “direito” a eles ? 😯
Pode ser que nos primeiros meses você sinta alguma dificuldade em respeitar os valores que havia definido. Lute contra a tentação e respeite-os até o fim. Você verá que pouco a pouco o limite se torna um alvo tranquilo de ser atingido. Melhor: muitas vezes o limite se distancia do que você realmente acaba gastando. 🙂
Sério ! Enquanto você não determina o quanto pode gastar mensalmente com esse tipo de coisa, o céu é o limite. Você gasta “sem saber que está gastando”. No momento em que tem um limite determinado, pode até achar ruim … mas no fim acaba entendendo a necessidade dele e passa a respeitá-lo.
Por que não cortar simplesmente ?
Simples: porque se você cortar por completo vai acabar sentindo a tentação de gastar …
Pense num regime onde você não pode comer doces, massas, gordura, tomar refrigerantes nem bebidas alcoólicas. Sendo que você tem como hábito consumir este tipo de coisa. E por não poder comer leia-se consumo zero. Pode até ser que você consiga, durante algum tempo, respeitar a regra. Mas a tentação vai aumentando dia após dia … Até que chega um momento em que você ataca e come tudo e mais um pouco.
Nesta situação a coisa é parecida. Sem poder gastar nada fora do orçamento fixo, você vai acabar sentindo alguma vontade … Até que chega uma hora em que mete o pé na jaca e avacalha de vez, pondo tudo que foi feito até então no lixo. 🙁
Para quem já fez algum regime/dieta que te permite comer um pouco do que gosta de vez em quando, mantendo-se na linha no restante do tempo, sabe que é MUITO mais fácil levar o plano adiante por mais tempo. A tentação surge, você vai lá, come um pouco do que é “proibido” e ela desaparece.
Aqui é a mesma coisa. Como você pode gastar um pouco de vez em quando, e isso já faz parte do seu plano. Com isso você consegue manter os gastos extras sob controle. 😉
Aquela “panela de pressão” que acaba se formando em torno da tentação crescente deixa de existir e o domínio dela fica mais tranquilo. É justamente esse crescimento explosivo que acaba criando as situações que fogem do controle …
Quanto gastar ?
Isso é por sua conta (e risco, hehehe).
Você precisa destinar um valor menor do que gostaria. Mas que seja suficiente para garantir que alguma coisa seja feita com ele.
Olhar o seu histórico de gastos pode lhe ajudar na determinação do valor. Mas de novo, ele precisa ser menor do que você gostaria que ele fosse. Algo como uma refeição fora de casa + um chopp com os amigos. Se o seu orçamento não permite isso, que seja ainda menor …
Determinar o valor que você gostaria que fosse usado não ajuda, pois não cria um limite no gasto.
Ou melhor … criar um limite, cria, mas seria um limite “fora do controle”. Consegue entender ? 🙂
Lembre-se: você está fazendo isso para domar o seu orçamento, e não o contrário disso. 😉