Clube do Pai Rico

Tesouro IPCA não protege completamente o investidor contra a inflação !

Ao escrever a resposta no post de ontem aqui do Clube do Pai Rico, dei total destaque aos investimentos de renda fixa disponíveis no mercado e que atendem a esta necessidade: proteção contra à corrosão da inflação.

Não há o que se discutir: para o atual cenário de inflação alta, mas não galopante, longe daquilo que víamos nas décadas de 80 e 90, antes da criação do plano real (assista ao excelente documentário “O Brasil deu certo. E agora ?” para se lembrar, ou saber do que estou falando), a melhor forma – ao menos uma das mais fáceis e seguras – de investir com proteção contra o dragão, são os títulos do Tesouro IPCA e CDBs atrelados a algum índice inflacionário.

Como bem lembrou o Douglas, em um comentário do postpara valores de inflação ‘fora do controle’, estes títulos deixam de apresentar a devida proteção, passando a oferecer um rendimento negativo“. Resumindo: com o IPCA acima de 34% ao ano, os títulos atuais, que oferecem IPCA + 6% ao ano, passam a oferecer rendimentos reais negativos. A conta é simples: o IR sobre o lucro é de 15% para os prazos mais longos, portanto com 40% (IPCA de 34% + os 6% ofertados atualmente) de rendimento total, restariam limpos 34%. Apenas o IPCA … Acima disso passaria a trazer prejuízo real (perda contra a inflação) para o investidor.

Então o Tesouro IPCA não é 100% seguro contra a inflação ? Não sei se o problema seria tão grave assim … A partir do momento em que o IPCA começar a atingir níveis mais elevados, a parte fixa e conhecida do rendimento do título também passará a oferecer retornos mais elevados. Justamente para equilibrar esta conta que apresentei. Não custa lembrar que há alguns meses este mesmo título oferecia IPCA + 7% … 😉

O que eu quero dizer com “não é tão grave” ? Me refiro à montagem da carteira do título. Como você fará aportes constantes, irá comprar mensalmente novos títulos, com novas taxas. No final das contas poderá conseguir equilibrar melhor as coisas. Neste caso, com este pensamento em mente, talvez seja MUITO interessante efetuar a montagem da sua carteira Tesouro IPCA com títulos de vencimento mais curto. Você consegue encontrar duas fontes de equilíbrio: os aportes frequentes e a reconstrução da carteira em si, por causa do vencimento.

Dificilmente conseguiremos encontrar uma ferramenta 100% eficaz contra todas as angústias que nós, investidores, temos. Liquidez, segurança contra calote, proteção contra a inflação, um bom rendimento, valores de aporte “dentro da realidade da população”, etc etc etc. São muitos …

falei em outro post sobre o desejo de encontrar um único investimento que nos permita encontrar todos os nossos desejos ao mesmo tempo. Infelizmente isso não existe … É preciso abrir mão de alguma coisa em detrimento de outra. Infelizmente …

Diversificação, já !!

Acredite se quiser: este é um dos casos onde sou do time dos que defendem a diversificação. (e olha que sou contrário ao uso dela do jeito que muitos a vendem …)

Já na renda fixa, acredito que o mais interessante, especialmente para planos de mais longo prazo, seja a criação de uma cesta de títulos. Um pouco de Tesouro SELIC, outro tanto de Tesouro Prefixado, e mais um punhado de Tesouro IPCA. Desta forma o investidor consegue se equilibrar sobre o tripé deste investimento.

Garante proteção contra a inflação, em parte da carteira, com o IPCA. Garante rendimentos mais interessantes, e momentos chave, com a posse de Prefixados. Surfa a onda do COPOM, em momentos mais tumultuados, com o SELIC. Sobre ele, uma coisa “engraçada”.

Sabia que o Tesouro SELIC, para quem pensa que possamos ver índices mais elevados do IPCA no futuro, acabaria sendo uma boa proteção contra o dragão ? Teoricamente veríamos o BC elevando as taxas de juros para níveis próximos (e superiores) ao da inflação. Desta forma “teríamos” a proteção.

O “engraçado” é que para taxas altas, mas não descontroladas, ele não seja tão bom quanto o Tesouro IPCA …

Repetindo:

Sim, há o risco de, mesmo usando o Tesouro IPCA, não conseguirmos ter um investimento que seja completamente imune à inflação.

Mas para a nossa atual situação, adotando-se estratégias simples (aportes constantes, títulos com vencimento não tão longos), podemos combater o dragão com o uso dele.

Quer ver como vai ter gente defendendo a caderneta de poupança para estes casos por ela ser isenta de imposto de renda ? 😉