Pergunta:

Zé,

To com um problemão, adquiri muitas dívidas de cartão de crédito, tenho um empréstimo onde pago cerca de R$600, por mês, descontado em conta corrente e pra terminar ainda tenho outro empréstimo que por não ter condições de pagar, deixei “parado”, como era consignado na antiga empresa onde eu trabalhava, eles descontaram uma parte quando pedi demissão e o restante está lá “parado”, pois eu já disse que não tenho como pagar.

Bem, eu to tão enrolado que pago algumas contas no cartão de crédito pra poder não pagar os juros do cheque especial, pois como sou cliente santander, tenho isenção de juros durante 10 dias.

Recebo meu salario de 15 em 15 dias, então o que faço, pago todas as contas no dia 10, fico com aproximadamente uns 2 mil negativo e dia 15 quando recebo, acaba cobrindo o rombo e sobra uma graninha pra eu “respirar” até o dia 30 e isso se tornou uma bola de neve, até que eu consiga quitar as dívidas dos cartões de crédito, o que vai acontecer lá pra outubro/novembro.

Eu tava pensando se não seria uma boa deixar de pagar um dos cartões e deixar a dívida “congelar” até novembro e então juntar um dinheiro e pagar tudo. Apesar de não saber se isso é possível, ou se fazendo assim eu só estaria acumulando mais juros.

O fato é que eu estou cansado de ficar usando esse cobertor curto e ficar tampando de um lado e destampando do outro. Já andei buscando outra fonte de renda, pois como trabalho com informática, posso fazer atendimentos perto de casa, depois do horário comercial e durante fins de semana e feriados.

Ainda não cheguei numa fase desesperadora, mas essa situação tem tirado meu sono, e o pior é que eu não vejo muita saída, apenas esperar o tempo passar.

Como sou muito ansioso, não gosto muito de “esperar as coisas acontecerem”.

Resolvi te mandar esse email por que você sempre me pareceu ser gente boa e gosta de ajudar as pessoas.

Então é isso.

Abração e desde já obrigado.

—
Att.,
Clayton Neves

Resposta:

Boa tarde Clayton,

Essa é realmente uma situação difícil que vem tirando o sono de mais e mais pessoas a cada dia que passa … 🙁

Bom, gostei de algumas coisas que li, e nem um pouco de outras … Vamos por partes. 🙂

Gostei que você partiu para a luta, na expectativa de encontrar uma fonte de renda extra que venha a aumentar suas receitas, ajudando no problema. Isso é importante e normalmente é a solução para o que vem ocorrendo, o detalhe é que não é uma solução isolada. Além do aumento das receitas é interessante (e fundamental !) que você enxugue o máximo que puder os seus gastos, ao menos nesse momento mais apertado. Outra coisa, você disse que recebe de 15 em 15 dias, mas – pelo o que pude entender – os seus gastos se concentram todos no período “30 em 30”, correto ? Seria interessante que você tentasse espalhar um pouco estas contas, distribuir um pouco dentro do mesmo intervalo que recebe, ao menos enquanto as dívidas vêm te apertando. Isso te ajudaria ao menos a não ficar com os R$ 2.000,00 negativos até a chegada da segunda parte de sua renda.

Do que não gostei ? De você estar dando preferência para o uso do cartão em relação ao cheque especial … Ok … algumas vezes a taxa do cheque é maior que a do cartão (dê uma olhada nessa tabela do Banco Central e … chore …), como é o caso do Santander, mas e as linhas de crédito que eles oferecem, sem ser cheque especial, linha de crédito mesmo. São altas, claro, mas menores do que as do cartão. Não gostei também da parte de deixar a dívida “congelada”, infelizmente isso não acontece … sempre que você deixa de pagar ela aumenta, e muito.

Bom, como disse a ideia é tentar sair da dívida cara e ir para uma mais barata. Dê uma olhada na linha de crédito que te falei, provavelmente será próxima a metade da taxa de juros cobrada no cartão/cheque especial. A dívida continuará a crescer, mas num ritmo muito mais lento. Se conseguir efetuar a troca, aumentar a receita, diminuir os gastos, a coisa melhorará um pouco. Não, não estará solucionada até a quitação total, mas ao menos terá um tamanho menor do que a que tem hoje.

Sobre a possibilidade de obter um empréstimo com amigos e parentes, tome muito cuidado. Só o faça caso tenha a mais absoluta certeza de que conseguirá pagar no prazo combinado. Não pagar ou enrolar no pagamento pode acabar custando mais caro do que qualquer outro tipo de dívida. Você poderá perder a amizade … 🙁

Mas o mais importante: solucionando, não deixe que isso ocorra novamente ! Passe a adotar um controle de seu fluxo de caixa eficaz, o mais completo possível. Não caia na tentação … se não pode comprar, não compre. Respeite o seu orçamento. Forme um colchão de segurança para situações emergenciais.

Infelizmente não há milagres, se errou terá que pagar o preço …

Abraços ! E boa sorte !

Textos indicados na resposta:

– O Controle do Fluxo de Caixa e suas barreiras
– Formando o seu colchão de segurança
– Fez errado … ? Então pague o preço !!