Você faz suas compras olhando apenas a marca ?
Antes de iniciar esse texto eu lhe convido a ver abaixo o post “Reflexão sobre a Percepção de Valor Intrínseco” publicado por Marcelo Del Debbio do ótimo Teoria da Conspiração.
Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer.
Eis que o sujeito desce na estação do metrô: vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal.
Mesmo assim, durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes.
Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.
Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares. A experiência, gravada em vídeo mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino.
A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post em abril de 2007 era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.
A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.
Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife. Esse é um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas que são únicas, singulares e a que não damos a menor bola porque não vêm com a etiqueta de seu preço. O que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes? É o que o mercado diz que você deve ter, sentir, vestir ou ser?
Essa experiência mostra como, na sociedade em que vivemos, os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pela mídia e pelas instituições que detém o poder financeiro.
Mostra-nos como estamos condicionados a nos mover quando estamos no meio do rebanho.
Alguns poderão argumentar que a correria do horário não permitia que as pessoas parassem para apreciar a música, afinal provavelmente estariam atrasados para o trabalho. Ou então que o gosto musical da maioria dos que circulam por uma estação de metrô não coincide com o apresentado pelo músico, se ele estivesse tocando no violino algum Rap ou algo mais Pop, muitos teriam parado … Mas o vídeo serve somente para entrarmos numa discussão maior: Compramos as coisas apenas pela marca ?
Você costuma fazer suas compras, seja de roupas, alimentos ou de qualquer outra coisa, baseando-se apenas na marca ? Ou você leva em consideração a qualidade do produto e o preço dele ? Por exemplo, você costuma comprar algo “genérico” para ver se é bom ? Um alimento de uma marca desconhecida … uma roupa de uma loja mais simples … ?
No começo da semana eu estava conversando com meu pai sobre o assunto, falávamos sobre a “massificação” de marcas como Tommy, Lacoste e outras marcas “top”. As pessoas compram produtos dessas marcas por causa da qualidade ? Por causa do preço ? Por causa da marca/status ? … Acredito que a grande maioria seja por causa da 3ª opção, afinal o preço de roupas dessas marcas aqui no Brasil são extremamente elevados.
Sim, quando viajo ao exterior costumo comprar roupas dessas marcas, porque o preço lá fora é um preço “justo”. Pago +- 20% do que é cobrado aqui no Brasil … Comprar em Terra Brasilis ? Nem a pau Juvenal … Mas será que mesmo assim, não estou comprando apenas pela marca ?
No caso do músico do vídeo, se a experiência fosse realizada no metrô de SP, e a apresentação fosse feita por uma banda nacional, “disfarçada”, fazendo um cover de seu próprio trabalho, atrairia a atenção do público ? Mas será que atrairia a mesma atenção que teria caso fosse a banda “de cara limpa” ?
Para quem preza o seu dinheiro …
E claro, para quem precisa zelar pelo seu dinheiro, comprar apenas porque uma marca é famosa está no topo dos erros cometidos. Já viu a diferença de preço entre produtos similares porém de marcas diferentes ?
Dar valor aos produtos/serviços, ao invés de valorizar apenas a marca é primordial para quem dá valor ao que tem ! Seja pouco ou muito, não importa.
Quer um exemplo ? Camisas Hering. Enquanto a empresa não “valorizou” a marca, eram tidas como produto “simples”, “não posso usar isso”. A partir do momento que a marca se tornou Pop (não em relação a se popularizar, porque isso seria “ruim”, mas no sentido de ser “pop/top”), e seu preço aumentou – e muito, passou a ser bem vista. Outro exemplo ? Havaianas …
Compramos mais uma imagem do que um produto. Compramos mais o que os outros vão pensar do que o que realmente nos importa. Gastamos dinheiro à toa. Gastamos mal. Gastamos para impressionar os outros. Será ?