Vou viajar pro exterior no final do ano, devo aproveitar a “promoção” do dólar ?
Não sei se você vem acompanhando o desempenho da moeda norte americana, mas nos últimos tempos temos visto uma bela desvalorização em sua cotação. Alegria de uns, tristeza de outros …
Este é um tema que já foi discutido aqui no Clube, no post “Será que o dólar alto realmente favorece a exportação ?” e não é o foco deste. Hoje falaremos sobre a “oportunidade” que a queda na cotação está proporcionando. 😉
Uma das perguntas que mais tenho ouvido nos últimos tempos é: “Zé, já está na hora de comprar dólar ?“, o que é perfeitamente natural, tendo em vista a queda registrada. Ouvi quando estava R$3,30, quando estava R$3,20, quando estava R$3,10, e, como não podia ser diferente, ontem nos R$3,06 … 🙂
R$3,06 … uma bela promoção, uma barganha. Não é mesmo ?
Olha … eu não sei dizer. Sério ! São tantas as coisas que influenciam as cotações de uma moeda … Sejam internas (Brasil) ou externas (EUA e o mundo) … Que se tem uma coisa que não arrisco dar um palpite “direto” é em relação ao câmbio. São tantos interesses, tantos players, numa mesa tão pesada quanto a nossa imaginação possa pensar … que tentar acertar o fiofó da mosca é algo que não ouso nem ao menos tentar. 🙂
Hora é o BC entrando na compra, para trazer equilíbrio ao mercado. Hora é uma injeção maciça de dinheiro que entra no país, oriundo de uma repatriação (por exemplo), que faz com que a pressão do lado vendedor aumente e os preços caiam.
É briga de cachorro grande, daquelas que no máximo participamos como espectadores. Na tranquilidade que uma arquibancada ou camarote podem nos proporcionar. 😀
Assim … Após chegar nos R$4 e dar um primeiro sinal de alívio, até imaginava ver uma nova visita à região dos R$3 … Mas tentar acertar o momento em que isso ocorreria, ou quão próximo do 3 bola bola chegaríamos …
Nem a pau Juvenal !!
O câmbio está completamente fora do meu círculo de competência e eu, sabedor disso, tenho que respeitar. Pra que me arriscar sem necessidade ?
Mas eu entendo perfeitamente quem vê esta cotação e pensa em uma comprinha. Especialmente aqueles que estão com viagem marcada/planejada. Basta olhar um pouco para trás e veremos que a cotação atual é 10%, 15% menor do que estava há pouco tempo. Como não achar que é o fim do poço ?
Achar podemos achar … mas só isso
Ache. É seu direito. Mas … afirmar que a partir de agora vai subir, ou que ainda há espaço para mais quedas, é mais do que eu posso tentar fazer.
Você quer saber como procedo nestas situações ? Como lido com a compra de moeda estrangeira quando tenho uma viagem em mente ? Preço médio. Sim, faço preço médio. Compro um pouco de cada vez, às vezes mais barato, às vezes mais caro, mas compro algumas vezes, uma parte do valor total, até chegar no que desejo ter para levar comigo.
Não tenho como acertar o melhor preço de todos. Posso fazer isso agora, nos R$3,06 e ver o preço nos R$2,80 (se for nesta faixa o povo vai fazer festa, hehehe). Ou então comprar nos R$3,06 e ver disparar até os R$3,50 de novo …
Ao adotar a estratégia do preço médio para a compra de moeda estrangeira, temos uma ferramenta que nos ajuda a lidar com aquela tradicional “dor de cotovelo” que aflige todos os que compram e vêm o preço cair ainda mais em seguida. Ok … ela até atua se você comprou só uma parte do que precisava e vê, em seguida, uma disparada. “Por que não comprei tudo de uma vez ? Droga !”
Comprando um pouco de cada vez, tornamos o processo mais mecânico, deixando de lado a tomada de decisão, a análise, que acaba deixando tanta gente apreensiva com o ato da compra. “Está R$3,06 … mas não vou comprar, pode cair mais amanhã”, alguns dias depois “Nossa, está R$3,15, mas agora deve vir uma correção, vou esperar um pouco para ver o que acontece”, passado mais algum tempo “Já está R$3,02, vou esperar mais algum tempo e ver no que vai dar” … E assim vai, até o momento da viagem, numa eterna angústia sobre a compra, ou não, da moeda. Adiando até o instante final, sujeitando-se ao momento do mercado, num preto e vermelho dos mais tradicionais.
Se você faz a compra de forma automática, a cada 15 dias, por exemplo, com um valor já pré determinado, isso vai embora. Você se livra da pressão da decisão e consegue lidar muito melhor com aquele evento. Se bobear consegue até mesmo aproveitar melhor a sua viagem ! 😉
Tem 6 meses pela frente e quer comprar U$5 mil ? Compre U$500 a cada 15 dias … Só consegue comprar uma vez por mês ? Então compre U$1 mil a cada 30 dias …
Transfira a tensão, a pressão do ato decisório para a tranquilidade de um processo mecânico e automático.
Mas isso é garantia de comprar com o melhor preço ?
Não … longe disso. Você está abrindo mão da tentativa de acertar o melhor preço, pelo conforto e a tranquilidade do procedimento automático, sem a necessidade de se preocupar com a “melhor decisão do momento”.
Por exemplo … Sabia que muitos lidam com o investimento em ações desta maneira ? Sim, compram constantemente, a “qualquer preço”, um pouco a cada mês. Fazem preço médio, para cima e para baixo, levando suas posições para o longo prazo, enquanto a compra/manutenção forem justificadas por suas análises.
A ideia é justamente a mesma: tirar o peso do processo decisório, transferindo a “responsabilidade” para algo mecânico, automático. Preocupando-se apenas em saber se a estratégia em relação aquela empresa permanece sendo válida.
No caso da compra da moeda estrangeira é a mesma coisa: você compra de forma automática, enquanto é necessário. Compra até atingir o montante que havia se planejado para levar para a viagem. 😀
Pode até estar abrindo mão de ter uma excelente história para contar aos seus amigos, sobre aquela vez em que você comprou dólares na cotação mais baixa do ano … Mas a tranquilidade que terá por adotar a estratégia automática lhe trará muito mais benefícios do que a “admiração dos seus amigos” pode lhe proporcionar. 😉